
Bengala: apoio que dá liberdade, não vergonha
Queridos leitores, quantas vezes ouvimos alguém dizer: “Não quero usar bengala, vão pensar que estou velho ou doente”?
Essa resistência é comum, mas carrega um equívoco perigoso. Usar bengala não é sinônimo de fraqueza. Pelo contrário. É um gesto de cuidado, coragem e amor próprio.
Com o passar dos anos, nosso corpo naturalmente passa por transformações. A visão pode ficar menos nítida, o equilíbrio se altera, a musculatura enfraquece e os reflexos já não respondem como antes. Tudo isso torna o caminhar menos seguro, principalmente em calçadas irregulares, escadas, ambientes escorregadios ou mal iluminados. É aí que a bengala entra em cena como uma verdadeira companheira de segurança. Prevenir quedas é preservar autonomia!
As quedas são uma das principais causas de internações e complicações entre os idosos. Basta um tropeço para uma fratura de fêmur transformar a rotina, exigindo cirurgia, reabilitação e, muitas vezes, longos períodos de imobilidade. Para quem já tem alguma fragilidade óssea ou problemas de saúde, as consequências podem ser ainda mais sérias. E tudo isso poderia ser evitado com um simples gesto, aceitar a bengala como uma aliada. Ela dá estabilidade, confiança, segurança e, acima de tudo, liberdade para continuar caminhando, fazendo suas tarefas, vivendo com independência. Bengala não tira dignidade. Ela protege a vida. Infelizmente, há um preconceito cultural muito forte. Muitos ainda enxergam a bengala como símbolo de fragilidade, quando ela é, na verdade, um símbolo de responsabilidade e inteligência. A bengala mostra que a pessoa reconhece suas limitações e toma atitudes práticas para manter sua qualidade de vida. É importante reforçar: não é a bengala que limita a pessoa. É a queda que limita!
E a maioria das quedas poderia ser evitada com pequenas mudanças de atitude. Hoje em dia, as bengalas também evoluíram. São leves, bonitas, ajustáveis à altura da pessoa, com ponteiras antiderrapantes e até com luzes de LED para facilitar a caminhada à noite. Algumas possuem base com três ou quatro apoios, garantindo ainda mais firmeza. Não há mais desculpas para não usar.
Doutor, qual o perfil de paciente que deveria usar bengala?
Idosos com dificuldade de equilíbrio, pessoas que já sofreram quedas anteriores, quem sente insegurança para caminhar em locais públicos ou sozinho, portadores de doenças neurológicas como Parkinson, sequelas de AVC ou neuropatias, pacientes em reabilitação pós-operatória de joelho, quadril ou coluna.
O uso da bengala pode ser temporário ou permanente, dependendo do caso. E o ideal é que o modelo seja escolhido com orientação profissional, levando em conta a estatura, a necessidade de apoio e o tipo de piso onde será usada.
Usar bengala é um ato de sabedoria!
É preciso coragem para vencer o orgulho e adotar aquilo que nos ajuda. Em vez de ver a bengala como um estigma, devemos encará-la como um instrumento de liberdade.
Com a bengala, o idoso se mantém ativo, presente, confiante e com menos risco de acidentes. Isso é qualidade de vida. Isso é autonomia. Precisamos derrubar o preconceito com as bengalas antes que o tempo nos derrube. Precisamos parar de associar a bengala à derrota e começar a enxergá-la como um passo importante para continuar vivendo com dignidade. O uso da bengala, quando bem orientado, pode evitar dores, quedas, internações e até salvar vidas. A bengala é um sinal de força, não de fraqueza. Tenham todos uma boa semana!
* Nosso próximo encontro será no Grupo de Terceira Idade Estrela Dalva no dia 27 de maio, às 14h, na Rua Augusto Sagioro, nº 185, Parque Residencial Sthalberg – Associação dos Rotarianos de Limeira.
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