
Como despertar no idoso o desejo de se envolver com a tecnologia?
Queridos leitores, vivemos numa era em que a tecnologia está presente em quase todos os aspectos da nossa vida, do trabalho às relações pessoais, do lazer à saúde. Para os idosos, que muitas vezes ficaram à margem dessas mudanças, aprender a usar aparelhos digitais pode parecer um desafio assustador. Mas a verdade é que a tecnologia pode ser uma grande aliada para melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa, aproximando-a da família, facilitando o acesso à saúde e proporcionando momentos de lazer e aprendizado.
Então, doutor, como ajudar o idoso a se interessar e a usar a tecnologia?
Primeiro mostre os benefícios concretos e afetivos. O interesse nasce quando o idoso percebe como a tecnologia pode ser útil no dia a dia. Mostrar que é possível, por exemplo, fazer uma chamada de vídeo para ver o rosto dos netos, ouvir suas músicas favoritas ou acompanhar resultados de exames sem sair de casa cria motivação real. Não é fácil, mas podemos começar devagar e com simplicidade. Não é preciso sair comprando os aparelhos mais modernos. Celulares e tablets com interface simplificada, botões grandes e aplicativos fáceis de usar são ideais para começar. Passo a passo, o aprendizado acontece de forma natural e menos frustrante. Acompanhe e ofereça suporte constante. O medo de errar ou de “quebrar” o aparelho é comum. Por isso, é fundamental ter alguém próximo para ajudar, tirar dúvidas e incentivar. Essa segurança transforma o desafio em diversão. Conecte a tecnologia a momentos afetivos. Nada motiva mais que a emoção. Se o idoso vê que a tecnologia aproxima a família, ajuda a manter amizades ou cria oportunidades de diversão, o interesse cresce. Estimule a participação em grupos e oficinas. Cursos de informática para idosos, grupos presenciais ou virtuais são ótimos para socializar e aprender junto.
A troca entre pares facilita o aprendizado e fortalece vínculos. Celebre cada conquista. Mesmo pequenos avanços merecem reconhecimento. Cada mensagem enviada, cada vídeo assistido, cada conversa online é motivo para comemorar e fortalecer a autoconfiança. Respeite o ritmo de cada um. Cada pessoa tem seu tempo e sua forma de aprender. Respeitar isso evita frustrações e torna o uso da tecnologia uma experiência positiva e prazerosa.
Despertar no idoso o desejo de se envolver com a tecnologia é um convite para que ele reconquiste autonomia, se mantenha conectado e aproveite as oportunidades da vida moderna. E, para isso, mais do que aparelhos, ele precisa de paciência, acolhimento e motivação, ingredientes que transformam o medo em curiosidade e a resistência em aprendizado.
Vou contar uma história verdadeira sobre uma paciente começou a demonstrar interesse pela informática. Dona Elza tem 78 anos. Viúva há mais de uma década, ela sempre dizia que “essas modernidades não eram para sua idade”. O celular, quando tinha, era só para atender ligações e, mesmo assim, com receio. Um dia, durante uma conversa com o neto, ele disse: Vó, se você souber mandar mensagem, eu te mando foto todo dia. Foi ali que algo despertou. O desejo de manter o vínculo com a família foi maior que o medo do novo!
Já deixei a dica para você que é idoso provocar seu filho e neto ou para você que tem um idoso na família e gostaria que ele se atualizasse. Precisamos sair de nosso conforto e motivá-los a serem mais participativos. Nunca é tarde para aprender algo novo, especialmente quando esse algo aproxima você de quem ama. A tecnologia não substitui o carinho, mas pode ser uma ponte para ele. Dê o primeiro passo, sem medo.
Você pode mais do que imagina. Se a vida nos oferece novas ferramentas, por que não usá-las a nosso favor? Mais do que aprender a mexer em um celular, trata-se de se reconectar com o mundo, com a família, e consigo mesmo. O futuro também é seu, abrace-o com coragem e curiosidade, pelo menos tente. Tenham todos uma boa semana.
*Aproveito nosso espaço para parabenizar todos os leitores avós e avôs pelo Dia dos Avós celebrado ontem. Que não falte amor nesta relação linda e de muita troca com os netos. Que a paciência seja o ingrediente nos momentos mais difíceis. Que as doces lembranças sejam confortantes quando os pequenos criarem asas e a saudade bater. E não se esqueçam: eles voltam para o ninho, onde recebem amor e aconchego. Ainda bem!
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