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Jurassic World, Recomeço: Jurassic Park virou um dinossauro?

Por Farid Zaine

farid.cultura@uol.com.br

@farid.cultura

 

Há 32 anos , após ser aguardado com ansiedade, estreou no Brasil “Jurassic Park”, ou “Parque dos Dinossauros”, o número um do que viria a ser uma trilogia, produto de um dos mais inventivos , arrojados e corajosos diretores de todos os tempos, Steven Spielberg. Como professor de biologia, formado em História Natural, curso que incluía estudos de Evolução e Paleontologia, sempre achei fantástica a ideia do autor do livro, Michael Crichton, a de que o DNA de animais pré-históricos conservado em âmbar, poderia ser usado para gerar de novo essas criaturas. Apesar da ciência logo de cara esclarecer que era praticamente impossível isso acontecer, porque o DNA se desintegra com o tempo, a história parecia muito verossímel. Foi absolutamente encantador o primeiro contato com o filme, principalmente na icônica cena em que os peleontólogos Ellie Sattler e Alan Grant, interpretados por Laura Dern e Sam Neil, veem pela primeira vez uma grande quantidade de enormes dinossauros, calmamente comendo galhos de altas árvores, tendo ao fundo a extraordinária trilha sonora criada por John Williams. Inesquecícel.

Pois bem, o sucesso de Jurassic Park gerou mesmo uma trilogia e o interesse permaneceu; quando o assunto já parecia meio desgastado, surgiu uma nova trilogia, agora com o nome de Jurassic World, colocando os dinossauros em uma maior convivência com humanos, até que uma experiência para criação de uma espécie geneticamente modificada – e muitas vezes mais feroz – acaba complicando as coisas. Chris Pratt e Bryce Dallas Howard seguraram bem a barra, e nessa nova trilogia surgiu o dinossauro Blue, que fez enorme sucesso.

Agora em 2025, com a tentativa de manter o interesse por um assunto explorado em 6 filmes, surge o sétimo, provavelmente iniciando uma terceira trilogia. O filme é “Jurassic Word : Recomeço”. O título é muito sugestivo, mas todos os esforços para que o longa apareça como uma inovação com o mesmo poder de fascínio do original, logo se nota que não foram suficientes.

Um elenco com nomes fortíssimos, incluindo a superstar Sacarlett Johansson , não é o bastante para garantir interesse à história, agora mostrando que os dinossauros não se limitam a um Parque, mas que foram buscar espaço numa região apropriada para eles, em águas tropicais no Oceano Atlântico. Johansson interpreta a Dra. Zora Bennett, interessada na grana que vai ganhar para obter três amostras de sangue dos dinossauros; ela é auxiliada pelo correto Dr. Loomi (Jonathan Bailey, ator de Bridgerton e Companheiros de Viagem) e pelo contrabandista, líder da equipe de  pesquisa de Zora, Duncan Kinkaid, interpretado por Mahershala Ali,  ganhador de 2 Oscars de ator coadjuvante (Moonlight e Green Book). Sim, o filme tem ação, efeitos especiais ótimos – principalmente na caracterização dos novos dinossauros - , trilha sonora empolgante, bela fotografia... mas falta alguma coisa. Mesmo Sacarlett Johansson parece um desperdício, vivendo uma personagem sem muito apelo, para a qual não há torcida. O roteiro cai na armadilha de criar personagens um pouco inexplicáveis, como a família Delgado, que navega com um barco nas proximidades dos mares habitados pelos bichos colossais. Claro, há um casal de jovens namorados, um pai zeloso e uma menininha que acha um filhote de dinossauro para adotar como seu bichinho de estimação. Nada mais clichê.

A sensação, portanto , é a de que não teremos, nessa provável nova trilogia, os apelos que tivemos nas primeiras, e nem de longe as emoções e surpresas causadas no já clássico Jurassic Park de 1993. Há um modo de se referir a grandes nomes do rock, com histórias de décadas de sucesso, como “dinossauros” do rock, uma forma de falar como são poderosos e resistentes esses músicos. Também se usa o termo para falar de algo muito antigo e que já não tem tanta utilidade. Será o caso de se pensar que, com esse “Jurassic World: Recomeço”, o “Jurassic Park” gerado por Spielberg já é agora um dinossauro do cinema? Sem trocadilhos e no bom sentido, claro.

JURASSIC WORLD: Recomeço – (EUA, 2025) – Direção de Garret Edwards – Com Sacarlett Johansson, Jonathan Bailey e Mahershala Ali.

Cotação: ***BOM

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