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Superman 2025 : cara nova para um antigo super-herói

Por Farid Zaine

@farid.cultura

 

O começo de “Superman”, essa versão de 2025 que estreou na quinta-feira, 10 de julho, é bem familiar: a sequência está no trailer do filme exibido há meses; nela, o Homem de Aço está caído na neve, sangrando, e usa seu chamamento habitual para o cão Krypto, que logo aparece para salvá-lo, não sem antes demonstrar que dará show durante o transcorrer da história, o que realmente acontece. Krypto tem participação fundamental e cai nas graças do público. James Gunn publicou um vídeo mostrando que seu cão, chamado Ozu, muito brincalhão e bagunceiro, foi a inspiração para a criação de Krypto. Em se tratando de um filme de super-herói, temos então um começo bem diferente, pois não vemos o Superman praticando algum salvamento espetacular, mas em posição de derrota, precisando de socorro. Logo que o filme avança, vemos cenas que mostram a vida pregressa do Homem de Aço, sua história de criança extraterrestre enviada à Terra pelos pais, sua versão humana como o jornalista Clark Kent e seu relacionamento com Lois Lane, a colega do Planeta Diário. Nada de mistério, tudo resolvido logo de início.

Tem sido muito comentado em todo o mundo o fato de que esse longa de James Gunn veio para colocar uma história consagrada de super-herói de HQs em sintonia com os nossos tempos, o que se vive na América e no resto do mundo. Superman agora fala sem disfarces de sua origem, e muitas vezes desabafa sobre sua condição, colocando-se sobretudo como um ser humano -  apesar de seus super-poderes -  que tem sentimentos comuns, angústias, desejos, fraquezas. Tem até discussões acaloradas com a namorada Lois Lane, e fala com clareza sobre o que pensa do mundo e da humanidade. Tudo parecendo muito  verossímil e comum, graças às interpretações corretas e seguras de David Corenswet (Superman) e Rachel Brosnahan (Lois Lane), escolhas muito acertadas.

O vilão Lex Luthor encontrou no jovem e talentoso Nicholas Hoult uma versão perfeita. Luthor pode , sim, ser bem bonito, e não perder seu jeito ambicioso, invejoso e cruel, e Hoult , sem exagerar, constrói seu vilão com muita categoria. E não falta espaço para outros brilharem, como no caso de Nathan Fillion, que faz um divertido Lanterna Verde.

Politicamente, além de abordar com sutileza o caso dos imigrantes nos EUA,  o filme de Gunn escancara a existência dos interesses por trás das guerras, e é fácil associar o embate provocado entre as nações fictícias Borávia, nação aliada aos EUA , e Jarhanpur, com as guerras no Oriente Médio, especialmente o já tão longo conflito entre Israel e a Faixa de Gaza.

James Gunn, que criou para a Marvel blockbusters como “Guardiões da Galáxia”, veio para a DC Studios como chefe, e seu “Superman” traz uma verdadeira revolução para a nova casa.

Clássico dos clássicos das HQs, o novo  “Superman” mostra que é um divertimento de luxo capaz também de tocar em temas espinhosos, sem que o filme fique chato e pareça repetitivo. Não é pouco.

Superman (EUA, 2025) – Direção de James Gunn – Com David Corenswet, Rachel Brosnahan e Nicholas Hoult – em cartaz nos cinemas.

Cotação: ****MUITO BOM

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