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Tarifa de 50% de Trump ao Brasil: Uma Leitura pela Teoria dos Jogos

A decisão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pode ser interpretada como parte de um jogo estratégico de alto risco no tabuleiro do comércio internacional. Sob a ótica da Teoria dos Jogos, essa ação representa uma jogada típica de um jogo não cooperativo, em que cada país busca maximizar seus próprios ganhos, mesmo às custas de perdas mútuas.


Trump sinaliza com essa tarifa que está disposto a endurecer sua posição para proteger setores internos, como o agronegócio e a indústria. É uma ameaça calculada, cuja finalidade pode ir além da economia — envolvendo pressões geopolíticas, ambientais ou de alinhamento diplomático.


Esse tipo de interação pode ser modelado como o clássico Jogo da Galinha (Chicken Game): dois jogadores rumam em direção ao conflito, esperando que o outro desista primeiro. Se ambos persistem, colidem — com prejuízos para todos. No caso, Trump acelera com uma tarifa alta, apostando que o Brasil irá “virar o volante” e ceder em alguma frente: política ambiental, subsídios, ou alianças comerciais. Se o Brasil recua, sofre perdas reputacionais e econômicas. Se resiste e contra-ataca com tarifas próprias, inicia-se uma guerra comercial.


Outro modelo aplicável é o Dilema do Prisioneiro: mesmo que a cooperação mútua gere melhores resultados (livre comércio, crescimento conjunto), o medo da traição leva os dois países a optar pela defecção. O protecionismo de Trump busca ganhos internos de curto prazo, mas arrisca deteriorar relações diplomáticas e comprometer cadeias globais.


Para o Brasil, a resposta ideal requer cálculo estratégico. Retaliar diretamente pode agravar o jogo. Ceder completamente, por outro lado, gera dependência. A solução racional pode estar em mudar as regras do jogo: ampliar parcerias comerciais (com UE, China, Mercosul), recorrer à OMC e adotar políticas industriais que reduzam vulnerabilidades externas.


Prof. Dr. Yuri Alexandre Meyer

Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP.

Faculdade de Tecnologia - FT/UNICAMP.

Engenharia de Transportes.

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