
O jogo invisível das decisões dentro de uma empresa
Rotatividade alta, talentos desperdiçados, times desalinhados e resultados que não vêm. Quase sempre, tudo isso nasce de uma decisão mal feita. E não por falta de currículo, técnica ou esforço, mas por algo mais sutil: a incapacidade de perceber o que está por trás de cada escolha. Há um jogo silencioso acontecendo nas salas de reunião, nas entrevistas, nas promoções, nos desligamentos e até na escolha de fornecedores. Toda decisão que envolve pessoas carrega camadas invisíveis que poucos líderes estão preparados para interpretar. É aí que mora o ponto cego de muitas empresas e, ao mesmo tempo, o diferencial das empresas que mais crescem.
Decidir sobre pessoas vai muito além de preencher uma vaga. Envolve avaliar se um talento está pronto para ser promovido, se um ciclo precisa mesmo ser encerrado ou se um parceiro externo está alinhado com os valores da empresa. É um exercício de leitura refinada do comportamento, da energia, das expressões e, principalmente, dos silêncios. Nesse jogo invisível das decisões, não vence quem decide rápido. Vence quem decide bem.
Empresas que crescem com consistência não contam apenas com bons produtos ou processos eficientes. Elas contam com líderes preparados para tomar decisões humanas, conscientes e estratégicas sobre pessoas em todos os níveis da organização. Decidir sobre pessoas não é tarefa simples, é uma competência. E pode, e deve, ser desenvolvida. Porque, no fim, é sempre sobre gente. E gente não mente, mas revela muito sem dizer uma palavra.
Líderes que apenas executam metas e distribuem tarefas não sustentam crescimento. Já os que desenvolvem a habilidade de ler o invisível tornam-se gestores de talentos, ou seja, são profissionais capazes de perceber, com profundidade, quem está pronto para avançar, quem precisa de apoio, em que áreas há desalinhamento e quando é preciso agir com firmeza ou empatia.
Transformar líderes em gestores de talentos é uma virada de chave estratégica.
Porque decidir bem sobre pessoas não é apenas uma necessidade, é o que separa empresas comuns daquelas que constroem times fortes, culturas consistentes e resultados sustentáveis.
Ler o invisível é entender o que não é dito. É escutar o que não foi falado. É perceber o que muitos ignoram. No fundo, o invisível decide antes da gente, a diferença está em quem aprende a ler e a agir, com precisão.
Iraci Bohrer é autora do livro O jogo invisível das decisões, mentora, empresária, palestrante internacional e criadora do método exclusivo Leitura do Invisível.
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