
Lupi, sobre alertas de fraude no INSS: “Não me omiti”
O ministro da Previdência Social,
Carlos Lupi, negou que tenha se omitido ao receber alertas de fraudes no
Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) desde 12 de junho de 2023.
Ao Broadcast Político, no domingo, 27, o ministro afirmou que determinou
uma apuração sobre o tema, concluída em 6 de setembro de 2024. "Não me
omiti, procurei agir", declarou Lupi à reportagem.
No sábado, 26, a TV Globo revelou que o ministro levou quase um ano para tomar
as primeiras providências sobre o aumento de descontos não autorizados em
aposentadorias. O esquema, que pode ter desviado mais de R$ 6 bilhões, teve o
primeiro alerta em uma reunião do Conselho Nacional da Previdência Social, onde
a conselheira ToniaGalleti, segundo ata, relatou que havia solicitado a
inclusão da discussão sobre os acordos de cooperação técnica das entidades que
possuem desconto de mensalidade junto ao INSS.
De acordo com a TV Globo, no entanto, Lupi rejeitou o pedido por não estar na
pauta. Nessa mesma reunião, a conselheira reforçou a solicitação, mas o
ministro decidiu que, embora fosse relevante, "não havia condições de
fazê-la de imediato, visto que seria necessário realizar um levantamento mais
preciso".
Ele então pediu que o tema fosse pautado em 27 de julho de 2023, o que não
aconteceu. Segundo a emissora, a primeira medida concreta do INSS foi tomada em
março de 2024, quando o órgão publicou novas regras para que as associações
fizessem os descontos nas aposentadorias.
"Foi levantado este assunto pela conselheira Tônia, que representava os
aposentados, e a partir deste momento começou a se aprofundar este tema",
afirmou Lupi ao Broadcast Político.
Na sequência, o ministro disse que o então diretor de Benefícios e
Relacionamento com o Cidadão, André Paulo Félix Fidélis, "sempre afirmou
das dificuldades para analisar e corrigir possíveis fraudes em cerca de seis
milhões de associados".
O ministro continuou: "[Ele] Demorava a responder. Tive que demiti-lo, à
época, para avançar no relatório e, pela primeira vez, nosso governo tomar a
iniciativa de construir novas regras para coibir possíveis fraudes". Lupi
enviou à reportagem, ainda, uma edição do Diário Oficial da União de
5 de julho de 2024, em que consta a exoneração de André Paulo Félix Fidélis, o
citado responsável pela Diretoria de Benefícios.
Lupi disse que a sua determinação de apuração sobre o
caso resultou num relatório de auditoria-geral do INSS, de 52 páginas,
intitulado "Relatório de apuração: apuração das denúncias relativas a
descontos associativos na folha de pagamento do Regime Geral da Previdência
Social (RGPS)", de 6 de setembro de 2024.
O documento diz que "identificou-se inclusão de descontos sem a aprovação
de autorização do segurado".Lupi também mencionou a Instrução Normativa de
março de 2024, que determina que o desconto tem que ser formalizado por termo
de adesão, com assinatura eletrônica e biometria.
O ministro não respondeu outros questionamentos da reportagem. Em nota na
sexta-feira, 25, o Ministério da Previdência Social disse que, na próxima folha
de pagamento, haverá devolução do dinheiro dos aposentados e pensionistas que
tiveram desconto de mensalidade associativa não autorizado no contracheque.
Além disso, segundo a pasta, as mensalidades foram descontinuadas e todos os
acordos de cooperação com entidades e associações em vigor foram suspensos.
Na quarta-feira, 23, uma operação da Polícia Federal resultou no afastamento do
presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, do cargo. Onze entidades são
suspeitas de desconto irregular em benefícios entre 2019 e 2024.
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