
Brasil vai ingressar contra Israel em ação por genocídio
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou
que o governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ingressar como parte na ação
que acusa Israel de promover genocídio na guerra na Faixa de Gaza. O processo
corre na Corte Internacional de Justiça (CIJ), por iniciativa da África do Sul
Mauro Vieira foi questionado sobre a razão pela qual o Brasil não havia ainda
apoiado formalmente o processo na CIJ, apesar das reiteradas acusações de Lula
sobre o genocídio, limpeza étnica e crimes cometidos pelas Forças de Defesa de
Israel, na guerra contra o grupo terrorista Hamas.
"Nós vamos (apoiar). Estamos trabalhando nisso. Vocês terão essa boa
notícia muito em breve", afirmou Vieira. "Fizemos um grande esforço
pela mediação, mas os últimos acontecimentos dessa guerra nos fizeram tomar a
decisão de nos juntar à África do Sul na CIJ."
O governo sul-africano entrou com representação contra o Estado de Israel na
CIJ ainda em 2023. À época, o Brasil manifestou apenas apoio verbal e
diplomático, por meio de notas e declarações oficiais.
Lula decidira apoiar politicamente o processo movido contra Israel pela África
do Sul na Corte Internacional de Justiça. Os sul-africanos acusam governo e
militares israelenses de "genocídio" intencional.
A decisão ainda depende de formalização, mas tende a aprofundar a crise
diplomática entre os países, que beira o rompimento de laços. Desde 2024, o
presidente Lula passou a ser considerado por Tel-Aviv como persona non grata,
por declarações que compararam a ação militar israelense em Gaza ao holocausto
judeu na Alemanha nazista. O governo Netanyahu protestou chamando o então
embaixador Frederico Meyer para uma exposição pública. Lula mandou retirar seu
representante de Tel-Aviv, por considerar o ato uma humilhação.
Também por decisão política, o governo Lula se recusou a conceder o aval
diplomático (agrément) para que Israel substitua seu embaixador em Brasília - o
atual, Daniel Zonshine, deve se aposentar em breve e foi convocado algumas
vezes ao Itamaraty para ouvir cobranças e reclamações da chancelaria. O Palácio
do Planalto também interferiu politicamente e barrou a conclusão da compra de
blindados de origem israelense para as Forças Armadas.
O Brasil deve se somar a outros países que já intervieram
no processo: Colômbia, Líbia, México, Palestina, Espanha, Turquia, Chile,
Maldivas, Bolívia, Irlanda, Cuba e Belize. A Nicarágua retirou seu pedido em
abril.
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