Igreja Católica ultrapassa 1,4 bilhão de fiéis
O avanço da Igreja Católica no mundo ultrapassa a esfera estatística e revela, segundo o Bispo Diocesano de Limeira, Dom José Roberto Fortes Palau, um movimento espiritual profundo. Em entrevista à Gazeta, o religioso afirmou que o crescimento mundial do catolicismo “expressa o dinamismo da graça de Deus que continua a agir na história” e reforçou que a fé “transforma a sociedade e abre o coração humano à esperança”. Para Dom Palau, o recorde de fiéis reflete “a ação do Espírito Santo que fecunda a Igreja e a mantém viva e missionária”.
De acordo com o Anuário Estatístico da Igreja, divulgado pela Agência Fides, o número de católicos aumentou em 15,88 milhões em um ano, ultrapassando a marca de 1,4 bilhão de fiéis. O salto tem impulso principalmente da África, que registrou 8,3 milhões de novos seguidores, e da América, com 5,6 milhões. Com esses avanços, os católicos representam cerca de 18% da população mundial, leve aumento de 0,1 ponto percentual. A Europa, que vivia trajetória de queda, apresentou recuperação com 740 mil novos fiéis.
Apesar da expansão global, a Igreja enfrenta um desafio estrutural: a redução do número de sacerdotes. O total de padres caiu 734 em um ano, influenciado pela forte queda de vocações na Europa, que perdeu 2.486 sacerdotes. Em sentido contrário, África e Ásia registraram crescimento, reforçando a mudança do eixo de vitalidade da Igreja para o hemisfério sul do planeta.
O cenário mundial contrasta com as transformações observadas
no Brasil e nas cidades de médio porte. Em Limeira, a religião católica lidera,
mas enfrenta queda gradual de espaço. Segundo o Censo 2022 do IBGE, 53,29% dos
limeirenses se declaram católicos apostólicos romanos. Os evangélicos aparecem
em segundo lugar, com 33,84%, enquanto 7,02% afirmam não ter religião, um patamar
superior ao das tradições espíritas (1,64%) e das religiões afro-brasileiras,
como umbanda e candomblé (0,5%).
No conjunto do país, a tendência é mais acentuada. Entre 2010 e 2022, a proporção de católicos caiu de 65,1% para 56% da população com 10 anos ou mais, queda de 8,4 pontos percentuais. No mesmo período, os evangélicos cresceram de 21% para 26%, e o grupo sem religião atingiu 9,3%. Em números absolutos, o país passou de 105,4 milhões para 100,2 milhões de católicos, enquanto os evangélicos subiram de 35 milhões para 47,4 milhões.
Apesar da redução, o catolicismo permanece majoritário em todas as regiões brasileiras. Nordeste (63,9%) e Sul (62,4%) concentram os maiores percentuais, enquanto os evangélicos predominam no Norte (36,8%) e Centro-Oeste (31,4%).
Diante desse cenário, Dom José Roberto reforça que o futuro da Igreja depende do testemunho dos fiéis. Ele recorda palavras do Papa Francisco ao afirmar que a Igreja “cresce por atração, não por proselitismo”, sustentada pela alegria dos discípulos e pela força transformadora do Evangelho. Para o bispo, cada batizado tem responsabilidade direta na vitalidade da fé, contribuindo para que “a caridade e a verdade continuem a iluminar a humanidade”.
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