
Pesquisadores desenvolvem IA para reduzir taxa de evasão em empresas
Pesquisadores desenvolvem IA para reduzir taxa
de evasão em empresas
Know-how
desenvolvido por pesquisadores da Unicamp, incluindo da FCA de Limeira, utiliza
comitê de máquinas para prever evasões com maior precisão, aliando inteligência
artificial à inteligência de negócios
Pesquisadores do Instituto de Matemática, Estatística
e Computação Científica (IMECC) e da Faculdade de Ciências Aplicadas
(FCA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) de Limeira
desenvolveram um método que usa a inteligência artificial (IA)
para prevenir o churn – métrica que indica a taxa de
rotatividade, também conhecida como taxa de evasão de usuários em um serviço ou
de recursos humanos em uma empresa.
O know-how desenvolvido via comitê de
máquinas para problemas de classes sobrepostas (CoMaCS) utiliza
estratégias para compor um comitê específico para análise de dados. Assim, a
escolha dos métodos e da arquitetura do comitê podem variar em função da
natureza e dimensão do conjunto de dados de acordo com cada caso.
A Agência de Inovação Inova Unicamp apoiou tanto
no processo de fornecimento não exclusivo do know-how à 4C
Datalab Inteligência Artificial, quanto no desenvolvimento da empresa,
uma spin-off acadêmica da Universidade, fundada pelos pesquisadores
que desenvolveram o know-how a fim de levar a solução ao mercado:
Henrique N. Sá Earp (IMECC Unicamp), Cristiano Torezzan e Leonardo Tomazeli
Duarte (ambos da FCA Unicamp).
O comitê de máquinas é um método dentro da área de aprendizado de
máquina (machine learning) aplicado para melhorar a precisão de
classificações ou previsões feitas por modelos computacionais. No caso do
comitê, é aplicado um conjunto de vários modelos diferentes que analisam um
conjunto de dados, e não apenas um único algoritmo.
Essa abordagem fornece um modelo de interação sustentado por técnicas de
interpretabilidade para que os resultados possam ser utilizados mesmo por
usuários que não conhecem sobre aprendizado de máquina, tornando-a aplicável a
uma ampla gama de serviços.
"Já fizemos a aplicação do método via CoMaCS na área de Recursos Humanos
de uma empresa e entendemos que a tecnologia pode ser utilizada em vários tipos
de negócios e situações, como prever o desligamento de um cliente de um serviço
ou o desligamento de um aluno de uma escola ou academia", explica
Torezzan.
Para evitar um churn alto, que pode afetar diretamente a
sustentabilidade de um negócio, um modelo de inteligência artificial
treinado é capaz de analisar vastas quantidades de dados de forma rápida e
eficaz, identificando padrões e tendências de comportamentos.
É comum que as análises e categorizações desses dados se
deparem com problemas de classes sobrepostas, que ocorrem quando
categorias ou grupos usados para classificar algo não são mutuamente
exclusivos, ou seja, um elemento pode pertencer a mais de uma classe ao mesmo
tempo.
"Quando olhamos para categorizações, as pessoas estão
potencialmente em duas classes: as que querem continuar em uma empresa e as que
não querem, mas no meio estão as que estão indecisas e essas seriam
as classes sobrepostas", explica Torezzan.
A abordagem via CoMaCS permite identificar as
variáveis que influenciam no comportamento de um indivíduo, analisando tanto
fatores coletivos quanto individuais, como, por exemplo, se o aumento de
salário pode reduzir o risco de um funcionário deixar uma empresa. Uma vez
treinado com dados gerais, o modelo aplicado pode ser ajustado com dados
aderentes a outra situação para se chegar às variáveis
específicas. "Por meio desse ajuste fino (fine-tuning), a
análise é realizada de forma mais precisa e personalizada" destaca Duarte.
Como o know-how consiste em uma IA preditiva, se for integrada a
uma IA generativa com interface amigável, pode permitir ajustes
personalizados e gerar relatórios sob medida. A partir das previsões obtidas, o
sistema pode simular cenários e sugerir ações preventivas adaptadas ao perfil
de cada indivíduo analisado.
Os dados analisados podem ser fornecidos pelas próprias empresas ou obtidos por
meio de bases públicas. Os pesquisadores destacam que todos os dados são
anonimizados, alinhando o know-how aos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas
(ONU), principalmente ao Objetivo 16, que, entre suas diretrizes, visa a
proteção de liberdades individuais, como a privacidade individual.
As informações geradas pelo CoMaCS são valiosas para orientar decisões mais
assertivas, conectando de forma prática a inteligência artificial (IA) à
inteligência de negócio (business inteligence, BI). "Poder identificar
atributos gerais e prever, para cada indivíduo, qual seria a sua resposta a
cada atributo com soluções customizadas gera inteligência de negócio e permite
ao gestor saber qual ação tomar", ressalta Earp.
Uma vez treinada, a IA aponta quais intervenções a BI deve adotar para que
gestores consigam reter funcionários, usuários ou clientes. Os pesquisadores
empreendedores dão um exemplo prático da aplicação: "Testamos o modelo de
predição e obtivemos índice de acerto próximo de 90% de pessoas que deixaram
seus empregos. Com base nesses dados, a empresa conseguiu reduzir cerca de 50%
da taxa de demissão", diz Torezzan. (Inova Unicamp)
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