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Conquistas e transformações na Educação em Limeira

Ao longo de quase dois séculos, Limeira passou por profundas transformações em sua trajetória educacional. O que começou como um sistema excludente, acessível apenas às elites, evoluiu para uma rede pública que, apesar de ainda enfrentar sérios desafios, representa um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento social da cidade. Nesta edição especial em comemoração ao aniversário do município, revisitamos a história da educação limeirense, suas principais conquistas e os desafios ainda presentes, com destaque para a visão do professor Fábio de Moraes, primeiro presidente da APEOESP, voz ativa pela valorização do magistério.

Nos primeiros anos da cidade, o acesso à educação era privilégio de poucos. Padres e professores particulares ofereciam instrução apenas às famílias abastadas, enquanto a população mais pobre era excluída desse direito básico. Um marco importante na democratização do ensino foi a criação da Escola Normal de Limeira, em 1890, que passou a formar professores para o ensino público, e deu início um movimento de profissionalização docente e ampliação da rede escolar. Poucos anos depois, em 1894, foi fundado o Grupo Escolar de Limeira, primeira escola pública formal da cidade, seguido pela criação do Grupo Escolar Coronel Flamínio, que ampliou o alcance do ensino às camadas populares.

Com o avanço da industrialização, especialmente entre as décadas de 1930 e 1950, Limeira passou atender às novas demandas da cidade, com a ampliação das escolas públicas e a criação do ensino técnico, voltado à formação de mão de obra qualificada. Essa fase representou um salto importante na inclusão social por meio da educação, embora muitas desigualdades ainda persistissem, especialmente entre o campo e a cidade.

A formação dos professores também acompanhou essa evolução. No início do século XX, era comum que a preparação dos docentes se limitasse a métodos tradicionais e conteúdos básicos. No entanto, com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e as reformas educacionais subsequentes, a qualificação docente ganhou novo fôlego. A ampliação dos cursos de licenciatura, os programas de formação continuada e o incentivo ao uso de novas metodologias pedagógicas contribuíram para a modernização do ensino. Nos anos 2000, a chegada das tecnologias digitais às escolas trouxe novos desafios e exigências, que se intensificaram durante a pandemia da COVID-19, quando os professores precisaram se adaptar rapidamente ao ensino remoto.

Segundo o professor Fábio de Moraes, os momentos de crise sempre expuseram as fragilidades do sistema educacional, mas também evidenciaram a força dos profissionais da educação. Durante o regime militar, por exemplo, a repressão ao pensamento crítico atingiu diretamente as escolas. Ainda assim, muitos educadores resistiram, organizando-se sindicalmente e buscando formas alternativas de ensino que valorizassem o senso crítico dos alunos. "A escola foi um espaço de resistência. Mesmo sob censura, muitos professores lutaram por uma educação libertadora", relembra Fábio.

Na pandemia da COVID-19, os desafios foram outros, mas igualmente profundos. A ausência de políticas públicas eficazes, aliada à desigualdade social e à falta de acesso à internet, comprometeu seriamente o processo de aprendizagem, especialmente entre os alunos mais vulneráveis. Ainda assim, a atuação dos professores foi decisiva: com criatividade e solidariedade, promoveram ações comunitárias, pressionaram por vacinação e defenderam medidas de segurança sanitária nas escolas. “Ficou claro que sem os professores, a educação não acontece. Mesmo sem apoio, fomos à luta para garantir o mínimo de dignidade no processo de ensino-aprendizagem”.

O educador ainda destaca que nos dias atuais, Limeira conta com uma rede de ensino pública que, apesar dos avanços, ainda enfrenta sérios obstáculos. A precariedade da infraestrutura escolar, a superlotação de salas de aula, o déficit de vagas na educação infantil e a desvalorização profissional continuam sendo questões urgentes. É necessário um compromisso efetivo do poder público com o financiamento adequado da educação, melhores condições de trabalho e a valorização salarial dos professores. É necessário o fortalecimento da educação para continuar o trabalho conjunto entre governo, sociedade e educadores para garantir que todos os estudantes tenham acesso a uma educação de qualidade.

Para o professor Fábio de Moraes, a luta por uma educação pública de qualidade é permanente. “Não basta termos escolas abertas; é preciso garantir que elas tenham estrutura, profissionais bem preparados e reconhecidos, e que a educação seja tratada como prioridade de Estado. É imprescindível que o governo faça sua parte e ofereça condições adequadas de trabalho, infraestrutura de qualidade e, claro, um salário digno para quem faz da educação a sua missão. ”, afirma. Ele também ressalta que a formação continuada dos docentes é essencial para que as escolas possam acompanhar as mudanças sociais e tecnológicas da atualidade. “Educar é um ato político e transformador. Nesses quase 200 anos, aprendemos que a escola pública é, acima de tudo, um espaço de esperança”, conclui.

 

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