Independente coloca jogadoras na vitrine após Brasileirão
Entre os dias 12 de junho e 24 de julho, o Independente disputou pela primeira vez o Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. Mais do que os resultados, o grupo Sub-20 comandado pelo treinador Quinho enfrentou três clubes com maior estrutura.
Esse cenário influencia muito, principalmente em um esporte que ainda busca se consolidar entre as mulheres.
Foram seis derrotas e nenhum gol marcado. Se faltou tempo para treinamento, o elenco do Independente termina a disputa certo que deu o primeiro passo para a evolução.
A goleira Yaclara está sendo monitorada por grandes clubes do país e pode receber um convite a qualquer momento. Ela tem tudo para seguir os passos da também limeirense Amanda Coimbra, ex-Corinthians e Fluminense e que hoje está na Ferroviária. Tem convocações para a Seleção Brasileira.
A volante Ester chamou a atenção pela disposição na marcação e qualidade no passe. “Sou de Campinas. Comecei aos 9 anos em uma escolinha de futebol de meninos. No início foi bem difícil de alguns meninos aceitarem eu jogando com eles”, conta.
Hoje, os obstáculos são outros. “Infelizmente, eu não vivo só de futebol, tenho outra profissão”, diz ela. Sua jogadora de referência é a brasileira Bia Zaneratto, que atua nos Estados Unidos.
Mas há novidades quando se disputa um Brasileirão, com apenas 24 clubes de todo o país e organização da CBF. “Nunca tinha viajado para outros estados. Andar de avião era um sonho. Nunca imaginei que um dia jogaria em um estádio tão importante como o do Botafogo do Rio. O Independente me proporcionou tudo isso”, afirma Ester.
As imagens das atletas durante a execução do Hino Nacional no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, mostram essa emoção, que é para poucas no Brasil.
Em 2023, a CBF divulgou que o país tinha perto de 600 jogadoras femininas profissionais, ante 13 mil atletas masculinos profissionais.
Ao longo das seis partidas do Independente, a busca pela superação sempre esteve presente. Ao final do primeiro tempo contra o Sport, em Recife, o empate sem gols parecia indicar o primeiro ponto na disputa. Para se ter uma ideia, o Sport cedeu atleta para a Seleção Brasileira que disputa a Copa América.
No jogo de volta, a arbitragem deixou de marcar um pênalti claro para o Independente. “Se fizéssemos o gol no pênalti, a história da partida seria outra”, afirmou o treinador Quinho, após a partida em Limeira.
Quinho trabalhou com a motivação, sem deixar de lado a disciplina. Mesmo com as derrotas, o clube teve média inferior a dois cartões amarelos por partida e apenas uma atleta expulsa.
Diante do Red Bull Bragantino, no Pradão, a goleira adversária fez duas grandes defesas quando estava 0 a 0. “Fico muito feliz de ver o nosso desempenho em campo”, avalia Ester. “O futebol feminino está cada vez maior, ganhando cada vez mais visibilidade”.
As partidas femininas no Pradão eram uma novidade, mas ocorreram sem a presença de público, por conta de exigências da CBF. A transmissão dos jogos no canal do Independente no YouTube revelou outra parte da torcida: muitos comentários eram dos familiares das atletas, com mensagens de apoio ou de saudade – parte do elenco veio de pontos distantes, como a Bahia.
A zagueira Giovana tem 20 anos de idade e concilia o futebol com o trabalho na empresa do pai. “Jogo desde os 10 anos. Valorizo muito essa oportunidade no Independente. É uma grande vitrine para a gente”, diz.
Fã de Cristiano Ronaldo, Giovana avalia que o pouco tempo para preparação atrapalhou. “A gente entra em campo para fazer o melhor. E, no final, entende que só por jogar contra esses times já é uma grande conquista”, avalia.
Agora, os dirigentes do Independente vão avaliar a experiência para determinar os próximos passos do futebol feminino no clube.
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