
Limeirense é eleito o melhor chocolateiro da América Latina
O chocolateiro limeirense Abner Ivan conquistou nesta semana um feito inédito: venceu a seletiva latino-americana do World Chocolate Masters, maior competição internacional voltada à confeitaria criativa com chocolate. Agora, o chef está classificado para a final mundial, que acontece em 2026, na Europa.
Após mais de nove horas de provas intensas, o chef conquistou três dos principais prêmios do dia: melhor escultura de chocolate, melhor doce para compartilhar e o grande título de melhor chocolatier da América Latina.“Participar dessa competição foi uma conquista muito grande. Dez anos atrás, eu participei da mesma seletiva e fiquei em quarto lugar. De lá pra cá, continuei estudando, trabalhando, competindo, mas essa oportunidade só voltou agora”, contou à Gazeta. “Quando vi que teria uma nova seletiva sul-americana, comecei a me preparar mesmo sem saber se seria selecionado. A dedicação foi total”, disse.
O tema global da edição deste ano foi “Play” — brincar, jogar, imaginar. Coube a cada competidor fazer sua própria interpretação. E Abner trouxe suas raízes. Inspirou-se na arte urbana, com referências ao grafite, ao breakdance e ao hip hop. “Desde pequeno, eu sempre tive contato com arte. Desenho, pintura. Mais tarde, a cultura de rua entrou na minha vida e me marcou muito. Quis transformar tudo isso em chocolate”, explica.
Cada detalhe foi feito por ele: dos moldes à pintura. Teve o apoio da esposa, Natália Marinho, também chocolatier, que acompanhou todo o processo. “Ela sempre está ao meu lado nos desafios no mundo do chocolate”, afirma.
A competição exigiu não só talento técnico, mas preparo físico e mental. As criações precisavam impressionar pelo sabor, conceito e originalidade. Na prova de doce para compartilhar, Abner apresentou uma casquinha de chocolate 70% recheada com ganache de chocolate ao leite com mel de abelhas nativas e amburana, biscuit de caju, gel de cajá, cremoso de cajá com chocolate, brownie e castanhas do Brasil — tudo servido em um suporte de madeira pintado por ele.
O bombom, por sua vez, fazia alusão direta ao grafite: tinha formato de bico de spray e vinha em cima de uma latinha customizada. A escultura, inteiramente feita de chocolate, representava um cenário urbano com elementos da cultura de rua. Na prova final, construiu uma vitrine com uma calçada grafitada e um hidrante — cenário em que serviu uma esponja de laranja, ganache com azeite e nibs de cacau, biscuit de noz-pecã e cremoso de chocolate com marzipã, tudo em formato de rolo de tinta.“Quis trazer algo diferente, com brasilidade, respeitando o terroir, usando ingredientes nacionais, com menos açúcar e mais sabor. O chocolate pode contar histórias, transmitir sentimentos, e essa foi minha proposta.”
Ao vencer a etapa continental, Abner garantiu vaga na final do World Chocolate Masters 2026, ainda com sede a definir entre França e Bélgica. “Estar entre os melhores do mundo já é uma grande vitória. Representar o Brasil e a minha cidade, Limeira, é motivo de muito orgulho”, diz emocionado. “Espero inspirar outros profissionais a não desistirem dos seus sonhos. Leva tempo, mas é possível.”
Abner vive atualmente em Limeira, onde atua com desenvolvimento de produtos, consultoria e treinamentos. É conhecido por unir arte e gastronomia. “Não é só técnica. É sentimento, é história. A confeitaria tem alma também”, afirma. Ele fará parte de um circuito de exposições com os finalistas na Europa até 2026. “Ainda estou processando tudo isso. Mas quero seguir firme e mostrar, na final, que o Brasil tem muito talento e criatividade”, finaliza. (com Agência Estado)
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