Apesar da popularização do home office durante a pandemia da Covid-19, o número de pessoas que têm a própria casa como local de trabalho diminuiu significativamente em Limeira ao longo da última década. É o que mostram os dados do Censo 2022, divulgados nesta na última semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em Limeira, a queda foi expressiva. Em 2010, o município contava com 35.439 trabalhadores atuando em casa, o equivalente a 25,48% da população ocupada. Já em 2022, o número caiu para 16.572 pessoas, apenas 11,55% dos trabalhadores locais. A tendência acompanha o que foi registrado no estado de São Paulo, onde a proporção de pessoas trabalhando em casa caiu de 23%, em 2010, para 15%, em 2022.

Segundo analistas do IBGE, a retração está ligada a mudanças estruturais na economia local, especialmente no setor têxtil, historicamente forte na região e ao fim de atividades industriais realizadas em domicílio, como as ligadas à produção de roupas, calçados e outros itens manufaturados de forma artesanal.

Embora o home office tenha ganhado visibilidade com a pandemia, ele representa apenas uma das modalidades de trabalho domiciliar, geralmente restrita a profissionais que exercem funções administrativas, técnicas ou criativas e que contam com estrutura tecnológica para trabalhar remotamente. Por outro lado, há uma gama de trabalhadores que atuam em casa de forma mais tradicional, incluindo costureiras, manicures, pequenos comerciantes, confeiteiros e profissionais da confecção. Esses grupos foram os mais impactados pela reestruturação econômica e pelas mudanças nos hábitos de consumo.

Para o IBGE, o fenômeno mostra que, apesar das transformações trazidas pela pandemia, o modelo de trabalho em casa, especialmente fora do contexto corporativo, vem perdendo força, o que pode ter impactos na renda e na organização das famílias nas cidades do interior paulista.