
Lula e Putin discutem guerra em meio a críticas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
participou ontem de uma série de eventos a convite do presidente da Rússia,
Vladimir Putin, em Moscou. Lula é um dos únicos líderes de
democracias ocidentais presentes na capital russa.A viagem do presidente
brasileiro tem sido criticada por simbolizar uma espécie de apoio diplomático a
um líder autocrata que controla o país com mão de ferro, persegue opositores e
invadiu um país vizinho, a Ucrânia, atropelando acordos internacionais.
A lista de participantes inclui o líder da China, Xi Jinping, e chefes de
outras 28 nações como Armênia, Azerbaijão, Belarus, Venezuela, Cuba, Bósnia,
Burkina Fasso, Congo e Egito.Lula começou o dia na parada militar de 80
anos do fim da 2ª Guerra Mundial, a celebração do Dia da Vitória, que marca a
rendição da Alemanha nazista. Moscou foi toda decorada com bandeiras vermelhas
e grandes painéis de led com imagens da guerra para a data.
Lula, Maduro e Canel foram os únicos governantes das Américas presentes na
cerimônia russa.À tarde, o presidente discutiu com Putin a situação política
internacional e a situação da guerra na Ucrânia.
A presença do petista em Moscou irritou autoridades do governo ucraniano, que
por meses tentaram no ano passado levar Lula a Kiev, sem sucesso. A
interlocução piorou nos últimos meses. O presidente Zelenski chegou a descartar
envolvimento do Brasil em negociações diplomáticas, mas depois retomou contato
nos bastidores.A viagem à Rússia, no entanto, tem potencial de degradar ainda
mais as relações e render críticas a Lula no Ocidente.
Desde a posse de Donald Trump nos Estados Unidos o cenário mudou e Washington
passou a liderar esforços de mediação com Moscou. Os europeus, que antes
isolavam a Rússia, passaram a buscado apoio de Lula e outros líderes
para defender a posição da Ucrânia e tentar convencer Putin a ceder.
Embora seja visto como mais inclinado a Putin, Lula vinha
oficialmente defendendo que a posição do Brasil era levar os dois países à mesa
de negociação para chegar à paz.A ideia de Lula é tratar novamente
com Putin da proposta de negociação de paz sino-brasileira, para alcançar, de
início um "cessar-fogo abrangente".
Lula quer discutir a relação comercial com Putin. Brasil e Rússia bateram
recorde no ano passado, com trocas comerciais estimadas em US$ 12,4 bilhões. No
entanto, o Brasil tem amplo saldo negativo de US$ 9,5 bilhões.
Os principais produtos importados pelo País são o diesel e fertilizantes,
considerados insumos essenciais para produção agrícola brasileira. E exporta
principalmente café e carne bovina.Lula assistiu ao lado da primeira-dama
Rosângela da Silva, a Janja, à parada militar na Praça Vermelha.
O presidente brasileiro também se reunirá com o primeiro ministro da
Eslováquia, Robert Fico, no hotel Four Seasons, onde se hospeda em Moscou. No
sábado, dia 10, ele se desloca para visita a Pequim, China.
A ex-presidente Dilma Rousseff, presidente do banco do Brics, o NDB, por também
está em Moscou. Ela teve o mandato renovado à frente do banco em acordo com
Putin, que indicaria um sucessor russo, mas evitou por causa de sanções
internacionais.
O Brasil sedia o Brics neste ano, com uma cúpula de líderes prevista para julho
no Rio, mas a presença de Putin é improvável, por causa de um mandado de prisão
contra ele, acusado de deportação ilegal de crianças ucranianas, em nome do
Tribunal Penal Internacional.
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