
Lula assume Mercosul com foco em acordos comerciais
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez na manhã desta
quinta-feira, 3, durante a cúpula do Mercosul em Buenos Aires uma defesa da
integração comercial do bloco, da expansão de acordos de
livre-comércio e da atuação conjunta dos países-membros contra as mudanças
climáticas.
Ele também colocou como meta que o Mercosul atue em conjunto contra o crime
organizado a nível internacional. Segundo ele, só esse esforço pode ser capaz
de enfrentar as facções criminosas que atuam em vários países. Após a reunião,
o Brasil assume a presidência do bloco até o fim do ano.
Segundo Lula, uma vez no comando do bloco, o País pretende avançar com acordos
sobre os setores automotivo e açucareiro no Mercosul. O presidente também
defendeu reativar o fórum empresarial no bloco e oferecer apoio a pequenas
empresa, além de finalizar as tratativas e assinar o acordo comercial com a
União Europeia.
Já o presidente argentino, Javier Milei, que deixou o comando temporário do
bloco, voltou a defender a flexibilização das regras do Mercosul para assinar
tratados comerciais com outros países. "Embarcaremos no caminho da
liberdade, e o faremos juntos ou sozinhos, porque a Argentina não pode
esperar", disse Milei.
Lula, por sua vez, mostrou confiança na assinatura do acordo UE-Mercosul e
disse também que há negociações de acordos comerciais com outros países.
"Também avançaremos nas tratativas com Canadá e Emirados Árabes. Na
região, é preciso trabalhar com Panamá e a República Dominicana e atualizar os
acordos com Colômbia e Equador", afirmou o presidente.
O petista defendeu ainda que o Mercosul olhe para a Ásia como "centro na
economia mundial". "Nossa participação nas cadeias globais de valores
se beneficiará de maior aproximação com Japão, China, Coreia, Índia, Vietnã e
Indonésia. A circulação de bens e serviços depende de infraestrutura
adequada", discursou.
Lula também colocou o enfrentamento às mudanças climáticas e a promoção da transição
energética como um dos pilares de sua presidência temporária do Mercosul. O
presidente afirmou que o Brasil reduzirá suas emissões de gases de efeito
estufa entre 59% e 67% até 2035 em todos os setores econômicos.
Lula voltou a falar sobre a COP30 e disse que o Brasil e a América do Sul têm a
chance de mostrar ao mundo evoluções no combate ao desmatamento e à preservação
do meio ambiente. Afirmou ainda que pretende estimular o programa Mercosul
Verde para fortalecer a "agricultura sustentável".
Em seu discurso na Cúpula do Mercosul, em Buenos Aires, o presidente disse que
o enfrentamento ao crime organizado é uma das prioridades para os países sul
americanos e que o Brasil "vai mobilizar o Mercosul ampliado para
aprimorar e aprofundar essa colaboração" contra as organizações
criminosas.
"Grupos criminosos colocam em xeque a autoridade do Estado, disseminando
violência, corrupção e destruição ambiental. Não venceremos essas verdadeiras
multinacionais do crime sem atuar de forma coordenada. Precisamos investir em
inteligência, conter os fluxos de armas e asfixiar os recursos que financiam a
indústria do crime", declarou.
Lula também se disse a favor do uso de um "sistema de pagamento em moedas
locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais" dentro do
Mercosul e da conclusão da chamada "rota bioceânica".
A conclusão da Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e
Chile, reduzirá em até duas semanas o tempo de viagem até a Ásia. Fazem parte
da Rota dois projetos brasileiros recentemente aprovados pelo Focem (Fundo para
a Convergência Estrutural do Mercosul), que vão melhorar o saneamento e a
conectividade viária das populações fronteiriças de Corumbá e Ponta Porã",
disse.
Lula ainda declarou que pretende trazer centros de dados para a América do Sul,
o que tratou como uma questão de "soberania digital", e defendeu o
investimento em pesquisas e desenvolvimento tecnológico na região.
O presidente disse que o Brasil "quer fazer do Mercosul um polo de
tecnologias da saúde, capaz de atender às necessidades de nossa
população".
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