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Tarifas, guerras e ajustes globais freiam exportações da região

A região de Limeira, que inclui os municípios de Limeira, Cordeirópolis, Iracemápolis e Engenheiro Coelho, encerrou o período de janeiro a novembro de 2025 com exportações somando US$ 966 milhões, uma queda de 5% em relação ao mesmo intervalo de 2024. O recuo representa US$ 48,4 milhões a menos nas vendas externas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), analisados pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

 

Apesar da retração, o resultado não surpreende diante do cenário internacional adverso, marcado por conflitos regionais, fortalecimento de fornecedores locais e aumento de barreiras tarifárias. O que chamou a atenção, no entanto, foi o desempenho das exportações para os Estados Unidos, que contrariou as expectativas mesmo após a imposição de novas tarifas pelo governo norte-americano.

 

De acordo com Carlos A. Contiero, membro da Diretoria de Comércio Exterior do Ciesp, os números revelam uma reação estratégica dos setores produtivos da região. “O que explica esse fenômeno é uma estratégia astuta e ousada das empresas. Quando analisamos os dados mês a mês, percebemos que as exportações para os Estados Unidos cresceram 34% entre janeiro e julho, exatamente no período anterior à entrada em vigor das novas tarifas”, afirma.

 

Nesse intervalo, as vendas para o mercado norte-americano aumentaram cerca de US$ 24 milhões. Já entre agosto e novembro, após a efetivação das tarifas, houve retração de 29% em relação ao mesmo período de 2024, o equivalente a aproximadamente US$ 10 milhões. “Isso mostra que os setores que tinham estoques ou capacidade adicional de produção optaram por antecipar os embarques, garantindo presença no mercado antes do aumento dos custos”, analisa Contiero.

 

Mesmo com a queda posterior, os Estados Unidos se consolidaram como o principal destino das exportações da região em 2025. Além disso, houve crescimento nas vendas para outros mercados relevantes. As exportações para a Argentina aumentaram 9% em comparação a 2024, para a China cresceram 6%, enquanto Chile e Colômbia registraram altas expressivas, de 41% e 27%, respectivamente.

 

Outro dado destacado pelo estudo é a ampliação do alcance internacional das empresas da região. Em 2025, foram registrados embarques para 15 países que não constavam na pauta de exportações de 2024, elevando o total de destinos para 144 países. Embora o valor negociado com esses novos mercados ainda não seja significativo, o movimento indica potencial de diversificação.

 

“Esse dado mostra a capacidade das empresas de buscar alternativas e expandir fronteiras comerciais”, pontua Contiero.

Entre os produtos com melhor desempenho no período, destacam-se as Preparações Alimentícias Diversas, que tiveram aumento de US$ 18,7 milhões, crescimento de 10% em relação a 2024. Veículos automóveis e tratores também apresentaram resultado positivo, com alta de US$ 14,3 milhões, o equivalente a 18% de crescimento.

 

Por outro lado, as quedas superaram os avanços em alguns segmentos estratégicos, puxando o resultado geral para baixo. Houve redução das exportações para 91 países, totalizando US$ 159 milhões a menos. Os principais recuos ocorreram nas vendas para Indonésia, México, Reino Unido, Nigéria e Vietnã. Entre os produtos mais impactados estão Açúcares e Produtos de Confeitaria, que tiveram queda de US$ 42 milhões (redução de 60%), Papel e Pastas de Madeira, com US$ 30 milhões a menos, Produtos Químicos Orgânicos, com retração de US$ 14 milhões, e Gomas, Resinas e Outros Extratos Vegetais, que exportaram US$ 11,7 milhões a menos que em 2024.

 

Mesmo assim, a análise histórica mostra que o desempenho de 2025 não é o mais negativo. No comparativo com anos anteriores, as exportações da região ficaram 2% acima de 2022, quando somaram US$ 952 milhões, e 13% superiores a 2023, que fechou com US$ 857 milhões. “Isso indica que o forte crescimento observado em 2024 foi freado pela conjuntura geopolítica e econômica atual, mas o patamar de exportações segue mais alto do que em anos anteriores”, explica Contiero.

 

No recorte estadual, o Estado de São Paulo registrou retração média de apenas 0,7% no mesmo período, um resultado considerado positivo diante do cenário global. Algumas regiões tiveram quedas de até 35%, enquanto outras cresceram até 30%. Entre as regiões com melhor desempenho estão São Paulo, com alta de 4,5%, Campinas, com 2,6%, e Jundiaí, com 1,8%.

 

Para o especialista do Ciesp, os dados reforçam três pontos centrais: o impacto contínuo do aumento de tarifas dos Estados Unidos no comércio internacional, a resiliência da região de Limeira mesmo diante da queda frente a 2024 e a existência de mercados alternativos que podem ser explorados pelas empresas. “Dependendo do produto, há oportunidades em outros países que podem ampliar o leque de possibilidades e sustentar um novo ciclo de crescimento”, conclui Contiero.

 

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