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Censo aponta que 6 em cada 10 UBS do País precisam de reforma

São Paulo, 30 - De cada 10 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do País, 6 necessitam de reformas na estrutura física. A informação é do Censo Nacional das UBS, realizado pelo Ministério da Saúde.

O levantamento verificou 45 mil unidades da atenção primária à saúde (APS). Delas, pouco mais de 27 mil (60,1%) reportaram que precisam de melhorias estruturais. Entre os principais reparos apontados, 3.473 precisam de consertos nas paredes; 2.271, no forro; 1.974 têm problemas nas instalações hidráulicas; e 2.495, nas instalações elétricas.

Para a pesquisadora da Fiocruz Ligia Giovanella, coordenadora da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), os centros de saúde melhoraram muito ao longo dos anos, tanto no cuidado quanto na infraestrutura, mas ainda há muito pela frente. "Para os gestores que participaram do Censo, ainda há grande demanda por reformas e ampliações", disse.

A necessidade de melhorias se estende a todas as regiões do Brasil, mas algumas têm perfil diferente. É o caso daquelas com unidades impactadas pelas mudanças climáticas: 18,2% das UBS informam ter sido afetadas por desastres ambientais, como enchentes e alagamentos. Com danos em 30,3% dos postos, o Rio Grande do Sul é o Estado com mais centros de saúde afetados. Canoas, uma das cidades mais atingidas pelas inundações de 2024, teve 19 das suas 28 UBS danificadas. A Secretaria Municipal de Saúde informou que, além dos danos físicos, tem havido dificuldade na aquisição de materiais para as reformas.

Equipamentos

Outro aspecto é a falta de equipamentos, especialmente na área de cardiologia. Só 9,1% das UBS têm eletrocardiógrafos, usados em eletrocardiogramas e avaliação cardíaca dos pacientes.

Além disso, apenas 13,5% das UBS têm carrinho de parada cardíaca e só 17,8% contam com desfibrilador externo automático (DEA), usado em casos de parada súbita para tentar restaurar o ritmo cardíaco por meio de choque elétrico.

Outro dado que chama atenção é que somente 18% dos centros de saúde dispõem da Tabela de Snellen, o tradicional painel com letras de diferentes tamanhos usado para avaliar a acuidade visual em exames oftalmológicos, os quais devem fazer parte das rotinas na APS.

Para Lígia, o Censo mostra ser preciso equipar melhor as unidades básicas, bem como oferecer formações específicas a médicos e enfermeiros para usar os equipamentos.

Imunização

A questão da infraestrutura também pesa no processo de imunização. Embora 84,7% das UBS ofereçam vacinas, apenas 79,7% contam com uma sala exclusiva para vacinação.

O número também fica abaixo do ideal quando se analisa o horário de funcionamento: só 64,5% das UBS têm salas de vacinação abertas por pelo menos 10 turnos semanais, o equivalente a 40 horas. Isso significa que, em 35,5% das unidades, o serviço não segue a recomendação do Ministério da Saúde, que estipula 8 horas diárias, ao menos 5 dias por semana. Além disso, só 55,3% têm geladeira exclusiva para vacinas; a câmara fria exclusiva para imunizantes, o padrão-ouro para armazenamento desses insumos, só existe em 38,4% dos postos de saúde.

Lígia Giovanella acrescenta que a falta de geladeiras exclusivas pode inviabilizar a vacinação. "A maioria das vacinas precisa ser mantida em temperaturas específicas", explica.

Segundo o Ministério da Saúde, a ausência de sala de vacinação não significa, necessariamente, que a unidade básica não oferece o serviço. "Algumas UBS realizam vacinação em espaços adaptados ou por meio de estratégias externas, como pontos itinerantes", diz a pasta, em nota.

Medidas

Embora a gestão da APS seja de responsabilidade dos municípios, compete ao ministério estabelecer políticas, diretrizes e financiar programas e ações. Nesse sentido, a pasta afirma que prevê R$ 7,4 bilhões em investimentos até o fim de 2026.

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