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Mais de 8,5 milhões de brasileiros com mais de 60 anos ainda trabalham

A imagem do idoso frágil, isolado e limitado dá lugar, cada vez mais, a uma geração ativa, produtiva e cheia de planos. Pessoas com mais de 60 anos têm redescoberto a vida: viajam, aprendem novas habilidades, retomam projetos e mantêm uma rotina saudável. Esse comportamento já não é exceção — representa uma tendência crescente observada por especialistas em saúde e comportamento.

Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 8,5 milhões de brasileiros acima dos 60 anos continuam no mercado de trabalho. O número representa um crescimento de 68,9% entre 2012 e 2024. Ao todo, 35 milhões de pessoas fazem parte da chamada "Geração Prateada", que se destaca não apenas pela quantidade, mas também pela vitalidade com que encara essa nova etapa da vida.

Entre os idosos economicamente ativos, mais da metade atua na informalidade (53,8%). O setor do comércio concentra a maior parte dos trabalhadores com carteira assinada que ingressaram formalmente no mercado nos últimos dez anos.

Para entender melhor esse fenômeno, a Gazeta conversou com o geriatra Dr. Fábio Duarte, que atua com atendimento domiciliar pela Unimed em Limeira. Ele acompanha de perto essa transformação no perfil do idoso brasileiro e destaca que envelhecer com qualidade é possível e está mais relacionado a hábitos e atitudes do que à idade cronológica. “Hoje vemos pessoas com 60, 70 anos ou mais que trabalham, fazem atividade física, viajam, cuidam dos netos, aprendem coisas novas e participam da vida social”, afirma. Para ele, o envelhecimento saudável vai muito além da ausência de doenças: “Envolve uma vida com significado, cuidados com o corpo e a mente, e bons relacionamentos”.

Dr. Fábio ressalta a importância de manter vínculos afetivos, cultivar hobbies e manter a mente ativa. “Aprender um novo idioma, tocar um instrumento ou dedicar-se a um hobby estimula o cérebro e eleva a autoestima. Mas, principalmente, é essencial ter um propósito, por menor que ele seja. É isso que dá sentido aos nossos dias”.

Em Limeira, esse envelhecimento ativo está visível nos parques, nas academias ao ar livre, nos cursos para a terceira idade, nos grupos de convivência e também nos locais de trabalho. Segundo o IBGE, mais de 18% da população da cidade tem mais de 60 anos — cerca de 54.602 pessoas, sendo que 6.993 já passaram dos 80. A cidade acompanha a tendência nacional, marcada pelo aumento da expectativa de vida e pelo desejo crescente de viver a velhice com independência, saúde e significado.

Para o geriatra, é fundamental romper com a ideia de que envelhecer significa parar. “Claro que, com o tempo, os planos mudam, especialmente após os 80 anos. Mas, enquanto for possível, é preciso viver com intensidade, respeitando os próprios limites e a realidade de cada um”.


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