Psicóloga explica aumento de afastamento de professores por adoecimento
O Estado de São Paulo tem registrado um aumento
significativo nos afastamentos de professores por questões de saúde mental,
fenômeno que vem chamando atenção de especialistas e autoridades educacionais.
Entre os principais fatores apontados estão a sobrecarga emocional, a pressão
por resultados e as condições de trabalho muitas vezes desfavoráveis. Para
compreender melhor o contexto, a Gazeta de Limeira entrevistou a psicóloga
Liliane Broeto, especialista em comportamento de adolescentes e atuante em
Limeira.
Segundo Liliane, do ponto de vista clínico, o aumento dos
afastamentos está diretamente relacionado à intensa sobrecarga emocional
enfrentada pelos professores. “Hoje, o docente é exposto a múltiplos
estressores simultâneos: salas de aula superlotadas, comportamentos desafiadores,
pressão por resultados, metas administrativas, pouco reconhecimento e condições
de trabalho que, muitas vezes, não oferecem suporte adequado”, explica à
reportagem. Ela acrescenta que há um nível constante de vigilância emocional,
já que os professores precisam regular suas próprias emoções para lidar com
conflitos e situações inesperadas. Com o tempo, isso pode resultar em desgaste
psicológico significativo, aumentando quadros de ansiedade, depressão e
síndrome de burnout.
Além das condições de trabalho, a especialista destaca que a
dinâmica familiar dos alunos também interfere diretamente na saúde mental e no
desempenho dos professores. “Quando a criança vem de um contexto familiar
desestruturado ou com pouca referência de limites e respeito, isso se reflete
no comportamento escolar. O professor, muitas vezes, acaba assumindo funções
que vão além do papel pedagógico, tornando-se mediador emocional ou figura de
contenção”, afirma Liliane Broeto. Segundo a psicóloga, essa sobreposição de
responsabilidades aumenta o estresse, a frustração e a sensação de impotência,
criando um ambiente escolar mais tenso e emocionalmente exigente.
O cenário, segundo Liliane, evidencia a necessidade de
políticas públicas voltadas ao apoio psicológico e ao bem-estar do professor,
assim como iniciativas que promovam maior equilíbrio entre família, escola e
sociedade. “É fundamental compreender que o desgaste não é apenas individual,
mas resultado de fatores sistêmicos que exigem atenção coletiva. Sem isso, a
saúde mental dos docentes continuará sendo prejudicada, afetando diretamente a
qualidade do ensino e a relação com os alunos”, conclui.
Enquanto isso, escolas e autoridades locais avaliam medidas para reduzir o impacto da sobrecarga sobre os profissionais da educação, com programas de apoio psicológico, capacitação para manejo de comportamentos desafiadores e incentivo à participação da família na vida escolar. A intenção é criar um ambiente mais saudável, equilibrado e sustentável, beneficiando tanto os professores quanto os alunos.
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