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Rodoviária sofre com abandono e falta de manutenção

Funcionários de empresas de ônibus e usuários da Estação Rodoviária entraram em contato com a redação pedindo para que a Gazeta relatasse o estado agonizante do prédio, inaugurado em 1982. O contato foi feito depois que o diário publicou a matéria, na última terça-feira, sobre a presença de desocupados no prédio vizinho, a Estação Ferroviária. O imóvel, que se olhado de cima lembra o 14 Bis, avião inventado pelo brasileiro Santos Dumont, há mais de um século mantém suas características originais. Foram feitas apenas algumas reformas e reparos. No entanto, segundo as pessoas que conversaram com a Gazeta, não o suficiente para evitar que alguns riscos fiquem iminentes.

Como, por exemplo, o de curto circuito. Segundo o funcionário de uma empresa de ônibus, que trabalha em um dos guichês de venda de passagens, a rotina dele é conviver com uma poça d'água sobre sua cabeça, mais precisamente, na cobertura do seu posto de trabalho. O risco de um colapso elétrico ocorre ainda no saguão superior do prédio, onde as luzes têm de ser mantidas apagadas para evitar acidentes.

Foi nesse ponto da rodoviária que, no final do mês passado, um idoso foi detido após colocar fogo em uma divisória dos guichês. Segundo o funcionário que falou com a Gazeta, a empresa responsável pelo guichê teve de arcar com o prejuízo sozinho, sem a ajuda da Prefeitura, que é a responsável por gerir o local. O homem alegou que fez aquilo para "chamar a atenção" pois havia sido furtado e que ninguém estava tomando providências. Outro problema estrutural que foi constatado pela reportagem é um afundamento do asfalto em uma das plataformas, a 14. Há cerca de dois anos, a Prefeitura realizou a manutenção na galeria de água. No entanto, os registros fotográficos mostram o lado oposto ao da plataforma atingida pelo problema.

A testemunha também alegou ainda que o local é inseguro e que sofre com a presença de moradores de rua e desocupados. Há uma base da Guarda Civil Municipal (GCM) logo na entrada. Dentro, apenas algumas mesas e cadeiras. Segundo o que a Gazeta apurou é comum que guardas municipais fiquem no local durante a noite. Mas, foi possível perceber também que um dos vidros da base, está quebrado.

Um plástico foi usado para tapar o buraco, causado por uma moradora de rua transtornada, na semana passada. Há relatos de um agente que foi agredido, por trabalhar sozinho. "Teve um [guarda] que levou uma chinelada de uma mulher maluca. O problema é que se ele reage, iria ser pior. Tava cheio de desocupado com ela", relatou um usuário. Ontem à tarde, a base estava fechada. Enquanto isso, no bebedouro a frente, um morador de rua, bebia água com a boca direto na torneira. Algumas vezes ele engolia a água, outras, cuspia no próprio bebedouro, sem nenhum cuidado.

Quem usa o terminal durante a madrugada também sofre. Segundo o que a Gazeta apurou moradores em situação de rua que, durante o dia permanecem no prédio onde funcionava o Ceprosom, usam as plataformas para consumir drogas. "O passageiro desce do ônibus e vem umas 15 pessoas drogadas pedir dinheiro e intimidar. De madrugada aqui é escancarado o uso de entorpecente. Chega a dar vergonha", relatou um homem que trabalha no local.

Fontes ligadas à Gazeta relataram que a Guarda Civil Municipal tentou realizar um trabalho de triagem e encaminhamento das pessoas que permaneciam no local. No entanto, a Defensoria Pública teria questionado a ação, alegando que isso estaria tirando o direito de ir e vir destas pessoas. "Depois desse questionamento, a impressão que deu é que houve um recuo por parte do Poder Público", relatou uma fonte.

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