
Vizinhas de casarão abandonado, lojas do Centro são alvo de bandidos
O casarão histórico, localizado na esquina das ruas Barão de Cascalho e Senador Vergueiro, se tornou uma dor de cabeça para comerciantes da região. Os que mais sofrem são os proprietários de uma loja de bijuterias, que é vizinha do imóvel, tombado pelo Condephali (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico e Arquitetônico de Limeira).
Na madrugada do domingo, imagens de câmeras de segurança da loja flagraram a ação de um marginal, que levou cerca de R$20 mil, em mercadorias. Pela janela do andar superior do imóvel abandonado, o marginal conseguiu chegar aos fundos da loja, passando pelos telhados dos dois imóveis. Para pegar as mercadorias na área de venda, ele precisou apenas arrombar uma porta. As roupas usadas pelo marginal são as mesmas usadas por um homem, flagrado saindo do casarão por uma câmera de comércio da Rua Barão de Cascalho.
Na madrugada de ontem, o casal de comerciantes pediu socorro às forças de segurança depois de ouvirem barulho vindos do fundo da loja. O sistema de monitoramento da loja transmite áudio e captou a tentativa do marginal de arrombar a porta, já que a segurança foi reforçada pelos comerciantes. Diversas viaturas da GCM e da PM foram acionadas. No entanto, ninguém foi localizado. “Eu liguei para a polícia, depois que eu comecei a ouvir barulho de batida na porta, mas ele deve ter percebido a movimentação e se escondeu”, relatou a comerciante, de 35 anos.
Além da loja de bijuterias, dois comércios vizinhos também foram furtados. Na madrugada de segunda, de uma loja de celular, foram levados aparelhos, que estavam expostos. O alarme da loja deve ter espantado o suspeito. Antes disso, há algumas semanas, a loja de roupas, vizinha à loja de celulares, os marginais levaram a fiação elétrica. “A escada da minha loja foi encontrada no muro da loja de roupas. Por isso, sabemos que ele passou por aqui”, disse a comerciante da loja de bijuterias.
CASARÃO
A Gazeta acessou o casarão. Sem nenhuma dificuldade, a reportagem abriu a porta principal do imóvel. Antes do primeiro degrau, foi possível perceber duas coisas: muita sujeira na escada e o barulho de um vazamento incessante de água. Ao subir os poucos degraus, de uma lado, o chão alagado e, do outro, sujeira e destruição. Parte do forro de gesso está todo quebrado. Caixas de energia, conduítes quebrados e arrancados da parede, sem os fios.
Mais um pouco, se chega à parte externa do imóvel, onde funcionava o estacionamento, onde a situação de abandono não é diferente. Ao subir pelas escadas - sujas pela ação de desocupados e do tempo - mais abandono, sujeira e a janela, usada para a invasão ao telhado, aberta. Bastou olhar para fora e perceber que o local tem marcas de pé na parede e pedaços do batente quebrado. O cheiro é forte de mofo (causada pela presença abundantemente de água, que vaza do andar superior) e de urina e fezes humanas. Duas janelas, que dão acesso às ruas Senador Vergueiro e Barão de Cascalho, também estão abertas. As outras, estão travadas com pedaços de madeiras.
PROVIDÊNCIAS
À tarde, funcionários da Prefeitura de Limeira estiveram no local, acompanhados de uma guarnição da GCM, para avaliar de perto o estado do prédio. O fornecimento de água do imóvel foi interrompido para tentar cessar o vazamento. No entanto, a Gazeta apurou que pouca coisa poderia ser feita de imediato, já que, como patrimônio tombado, nenhuma característica do prédio pode ser alterada.
Ainda de acordo com o apurado, o Condephali teria permitido a colocação de tapumes de madeiras na porta para tentar impedir mais invasões. Foi cogitado o fechamento das portas com tijolo e cimento, mas não foi autorizado pelo conselho. Mesmo o tapume, até a noite de ontem, não havia sido colocado, ou seja, o prédio continua exposto a invasões. A Gazeta tentou contato com a presidente do Condephali, Juliana Binotti, mas até o fechamento da edição, ela não havia se manifestado.
Comentários
Compartilhe esta notícia
Faça login para participar dos comentários
Fazer Login