Queridos leitores, a ciência comprova: cultivar serenidade, gratidão e leveza ao longo da vida não apenas melhora a saúde física e mental, como pode prolongar os anos com qualidade.

“Envelhecer é uma bênção negada a muitos”, já dizia um provérbio. 

Mas há formas e formas de atravessar essa etapa da vida. E uma delas, pouco falada, tem respaldo na ciência: envelhecer sem reclamar.

Reclamar virou quase um hábito social. Reclamamos do tempo, da saúde, do governo, das dores, dos outros, muitas vezes sem perceber. Mas o cérebro percebe. E paga um preço. 

Estudos mostram que o ato de reclamar com frequência ativa o eixo do estresse, aumentando os níveis de cortisol, o chamado “hormônio do envelhecimento”. Com o tempo, esse estado de alerta constante favorece a pressão alta, a insônia, a perda de memória e até a depressão.

Costumo dizer que, muitas vezes, o jeito de encarar a vida fala mais do que qualquer exame. Sempre que pergunto aos meus pacientes no consultório: “Tudo bem?”

Alguns já respondem de pronto: 

“Se estivesse tudo bem, eu não estava aqui, né, doutor?”

Essa resposta diz muito. A consulta nem começou e a reclamação já chegou primeiro. É um retrato claro de como o negativismo pode virar um reflexo automático. Em contrapartida, envelhecer com leveza, gratidão e menos lamúrias traz vantagens reais, melhora o humor, preserva a memória, fortalece o sistema imunológico e prolonga a vida. 

Um estudo da Universidade de Yale revelou que pessoas com visão positiva sobre o envelhecimento viveram, em média, 7,5 anos a mais do que aquelas com visão negativa, mesmo tendo problemas de saúde semelhantes. Há ainda um fator social: quem reclama menos atrai mais afeto e mantém laços sociais mais sólidos. E sabemos que o convívio humano é um dos maiores protetores da saúde mental na velhice.

Claro que ninguém está dizendo para ignorarmos as dores ou fingirmos que tudo vai bem. Mas podemos mudar o foco. Ao invés de reclamar do corpo que já não corre, agradecer pelas pernas que ainda caminham. Em vez de lamentar os anos que passaram, valorizar o presente e quem está ao nosso lado. A ciência confirma o que nossos avós já sabiam: quem cultiva a serenidade, colhe saúde. E isso, sim, é envelhecer com dignidade.

Tenham todos uma boa semana e de preferência, sem reclamações!