“A música me escolheu”: Nivaldo Menezes fala sobre vida e arte no Dia do Músico
No Dia do Músico, celebrado neste 22 de novembro, a Gazeta de Limeira conversou com Nivaldo Menezes, natural de Iracemápolis, que atualmente reside em Cordeirópolis e leva sua música pelo Brasil desde os anos 1980. Com uma trajetória marcada por dedicação e paixão, Nivaldo compartilhou suas experiências, influências e reflexões sobre a música e a vida artística.
“A música me escolheu. Sempre tive essa coisa interior desde criança, muito cedo. Eu falo que a música me escolheu, porque sempre foi muito presente na minha vida. Fui escolhido pela música”, diz Nivaldo.
Há quase 40 anos, ele começou seus estudos musicais em Piracicaba e ainda jovem, participou de diversos grupos. “Comecei no samba, na Bossa Nova, e na época, nos anos 80, tinha uma galera do rock. Eu era do samba e, depois, mais tarde, a galera do samba e do rock acabou formando uma banda lá em Iracemápolis. A gente tocava pop, rock, mas também samba. Daí surgiu a vontade de viver de música”, recorda.
O músico relembra que o início profissional exigiu
aprendizado e dedicação. “Fomos procurar um empresário, Osvaldo Salib, da
época, para nos ensinar como fazer baile. Ali, aprendemos a montar repertório,
observar o trabalho das bandas e entender como a música começa em um baile. O
baile foi a maior escola de vida. Infelizmente, tudo isso se perdeu. Hoje,
quase não existem bandas que fazem baile. Nos anos 80 e 90, tudo girava em
torno do baile, dos clubes, ganhava as lojas de roupas, ganhava os salões de
beleza. A molecada se preparava a semana inteira para chegar no baile; era um
fascínio da época. ”
Quando questionado sobre suas influências, Nivaldo é categórico: “Sou eclético. Estudei música clássica, mas sempre amei a música popular. Vai de Stevie Wonder a Lionel Richie, de Frank Sinatra a Noel Rosa e Adoniran. Também ouvi Djavan, João Bosco, Roberto Carlos. No rock nacional, na Jovem Guarda, no jazz americano, Tim Maia, Elvis Presley, Milionário & José Rico, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro. Ouço tudo aquilo que toca o coração. Essa riqueza musical sempre me fascinou e me fascina até hoje. ”
Nivaldo também reflete sobre o que a música trouxe para sua vida pessoal: “A música me deu meu bem mais valioso. Primeiro minha esposa, que trabalhou comigo por anos na banda. Nos casamos e hoje temos nossos dois filhos. A música não só moldou minha carreira, mas também minha família e minha vida. ”
Para Nivaldo, a experiência ao vivo é insubstituível: “Capacidade de reconhecer um bom cantor ou não só vem ao vivo. Exijam música ao vivo. É a única forma de separar o joio do trigo. Mesmo que eu esteja sozinho com meu violão, acredito no poder da música verdadeira. Música é sentimento, é aquele momento sagrado em que me encontro comigo mesmo, com meu Deus, com minha verdade. Isso é o que vale a pena. ”
Sobre o cenário atual, ele é crítico: “Quem começa hoje vai ter um trabalho árduo. A grande mídia valoriza o rápido, o fútil. Antigamente, exigia-se alto nível. Hoje, infelizmente, a música muitas vezes é descartável. E isso tem relação com a educação e a sociedade. A música é reflexo do contexto social, das políticas culturais, do que os governantes oferecem ao povo. Como disse Platão: ‘Conheça um estado pela música que seus governantes dão ao povo’. ”
Por fim, Nivaldo deixa um conselho aos novos músicos: “Estudem, trabalhem, mas não se frustrem. Viver de música é muito difícil, a não ser que você nasça para o sucesso. É preciso conciliar o mundo dos sonhos que a música nos dá com o mundo real. Se meus filhos quisessem seguir essa carreira, eu exigiria estudo e dedicação paralela. A música é maravilhosa, mas exige compromisso e amor verdadeiro. ”
Nivaldo Menezes celebra o Dia do Músico com uma vida inteira dedicada à música e à arte, lembrando que cada acorde, cada canção e cada baile são capítulos de uma trajetória feita de paixão e perseverança.
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