
Tarifaço dos EUA: impactos para o Brasil e Limeira
O recente decreto do presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, impondo uma tarifa de 50% sobre determinados produtos brasileiros,
reacendeu discussões sobre os impactos econômicos e comerciais dessa medida.
Apesar de uma lista de exceções que preserva itens relevantes para a pauta de
exportações, como suco de laranja, aviões e celulose, setores como o café e as
carnes serão diretamente afetados. Para entender as implicações dessa decisão,
tanto para o Brasil quanto para as relações comerciais com os EUA, a Gazeta
conversou com o professor Wendel Ferraz, do Colégio Jandyra, especialista em
economia e comércio internacional.
Confira:
O tarifaço vai
impactar o preço de produtos que compramos em supermercados e lojas de Limeira?
De que forma?
Para o consumidor brasileiro, o tarifaço pode trazer
impactos positivos, como a redução de preços de produtos que terão um aumento
na oferta ao mercado interno decorrente da diminuição das exportações, como é o
caso do café e da carne, por exemplo. Contudo, esse impacto será gradual e
somente acontecerá se as tarifas foram mantidas.
Você poderia explicar
se e como o tarifaço influencia a disponibilidade de produtos importados que
encontramos no dia a dia, como eletrônicos e roupas?
Não há impacto nas importações, visto que as tarifas foram
aplicadas aos produtos exportados para o Brasil. Os produtos importados somente
seriam afetados em caso de aplicação de uma tarifa recíproca aos produtos
importados estadunidenses, o que é algo improvável no momento.
Os produtos agrícolas
brasileiros serão afetados pelo tarifaço. Como isso pode impactar o preço dos
alimentos na nossa cidade?
Com a possível redução das importações de produtos agrícolas
brasileiros, a oferta ao mercado interno aumentará e alimentos como açúcar,
carne, café e chocolate poderão ter os seus preços reduzidos.
Essa medida do Trump
pode afetar empregos em Limeira, especialmente em setores que dependem de
importações?
Limeira possui uma economia bastante diversificada,
exportando autopeças, máquinas, insumos e produtos alimentícios. Essa medida
afetará as empresas que têm um volume significativo de vendas para o mercado
estadunidense. Nesse caso, poderão ocorrer demissões com a redução das vendas e
da produção. Contudo, será uma oportunidade de buscar novos parceiros
comerciais e implementar medidas para aumentar a produtividade e competividade.
Novamente, reitero que o impacto poderá ser atenuado com a redução das tarifas,
caso as negociações do governo brasileiro sejam bem-sucedidas. E já tivemos a
boa notícia da exclusão do setor de celulose do adicional de 40%, como sabemos
é um setor com muitos empregos em nossa cidade e região.
Aumentos de tarifa
podem gerar um efeito em cadeia sobre os serviços que usamos na cidade, como
transporte e internet? Você pode explicar como isso acontece?
Sim, com exemplo podemos citar as tarifas de importação
sobre diversos produtos eletrônicos, tornando-os mais caros. E é isso que
acontece agora com os consumidores estadunidenses de produtos brasileiros, que
ficarão mais caros por conta da tarifa de 50% aplicada aos nossos produtos.
O tarifaço poderia
levar a um aumento nos preços de produtos fabricados no Brasil? Quais produtos
poderíamos ver aumentar de preço?
Pelo contrário, vários produtos poderão ter uma redução de
preço decorrente do aumento da oferta de produtos que antes da tarifa seriam
exportados.
No seu ponto de
vista, esse cenário tem um lado bom? Qual?
No contexto geral, o cenário não é bom nem para o Brasil,
nem para a economia mundial, já que estamos falando de práticas protecionistas
que amarram o comércio internacional. Todos saem perdendo. Contudo, se as
tarifas sobre produtos como o café e a carne forem mantidas, esses alimentos
poderão sofrer uma redução de preço. Seguindo o ditado que é na dor, perda ou
derrotas que aprendemos, talvez seja a hora o Brasil reduzir também suas
práticas protecionistas, fazer reformas econômicas e melhorar sua produtividade
e competitividade econômica e desse modo se fortalecer.
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