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Limeira, celeiro de mudas no estado de São Paulo

Limeira com sua forte vocação agrícola continua a expandir suas raízes, sendo um dos principais polos de produção de mudas do país, especialmente de frutas cítricas como laranja, limão e tangerina. Com uma tradição consolidada na citricultura, Limeira se mantém como referência nacional na produção de mudas frutíferas, ornamentais e espécies nativas voltadas à restauração florestal. Com viveiros que abastecem não apenas o estado de São Paulo, mas também outras regiões do Brasil, a cidade já foi considerada o maior centro de produção de mudas da América Latina. Atualmente, continua a se destacar tanto pela diversidade de viveiros, quanto pela capacidade técnica e adaptabilidade dos produtores locais.

 

Para entender melhor o cenário atual do setor, conversamos com o engenheiro agrônomo Rafael Haik Guedes de Camargo, que atua diretamente com viveiros da região. Ele explica que hoje em dia, as principais culturas produzidas no município de Limeira são as cítricas, seguidas por mudas ornamentais, frutíferas e nativas. Segundo ele, apesar da forte demanda, o setor enfrenta desafios significativos, principalmente em relação à mão-de-obra.

 

A escassez de trabalhadores especializados tem levado muitos produtores a investirem em tecnologias e inovações para manter a produção ativa. “Os produtores estão tendo muita dificuldade com a questão de mão-de-obra. Então, muitos conduzem a produção em estufas ou utilizam sistemas de irrigação mais eficientes, como o gotejamento de solo, que também ajuda no controle de plantas daninhas”, detalha o engenheiro agrônomo. Com o uso dessas tecnologias, o setor tenta driblar as dificuldades operacionais e garantir a qualidade das mudas ofertadas no mercado, mantendo Limeira no topo da cadeia produtiva.

 

Apesar do cenário promissor, Rafael destaca um obstáculo importante para o desenvolvimento do setor: a legislação estadual referente à produção e comercialização de mudas cítricas, que, segundo ele, está desatualizada. “O principal desafio para o mercado de mudas em Limeira é uma atualização da legislação estadual. Hoje, do jeito que está, a gente não consegue avançar 100% na comercialização, especialmente no caso das chamadas ‘mudas picadas’, que são voltadas para o varejo. É uma grande dificuldade enfrentada por produtores e comerciantes”, afirma. Essa limitação burocrática tem gerado entraves para a expansão do mercado, principalmente em relação à comercialização em menor escala, que poderia beneficiar muito mais pequenos produtores e hortas urbanas.

 

Apesar dos desafios, o mercado de mudas em Limeira mantém uma perspectiva positiva. Nos últimos cinco anos, segundo Rafael, houve um aumento considerável na procura por regularização da produção junto ao Ministério da Agricultura, o que indica uma nova geração de produtores mais capacitada e consciente. “Os novos produtores, geralmente filhos de produtores mais antigos, já vêm com essa ciência da necessidade de estar com tudo registrado, desde a produção até o material genético. Isso traz mais segurança para o setor e fortalece o mercado. Essa profissionalização é um dos fatores que deve contribuir para que Limeira continue sendo uma referência no mercado nacional de mudas, alavancando a economia local e reforçando sua posição de destaque no agronegócio paulista”, comenta.

 

Em meio a conquistas e desafios, Limeira segue como um celeiro de mudas no estado de São Paulo, mantendo viva uma tradição centenária e impulsionando a economia local. Com um setor que se reinventa diante das dificuldades e aposta na tecnologia e na capacitação, a cidade mostra que o futuro da produção de mudas está enraizado em inovação, conhecimento técnico e respeito ao meio ambiente.

 

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