Nova meta da pressão arterial é 11 por 7?
Nas últimas semanas, uma dúvida recorrente tem surgido nos consultórios médicos e também nas redes sociais: "A pressão arterial ideal agora é 11 por 7?" A Gazeta conversou com o médico cardiologista e vereador Dr. Marcelo Rossi para esclarecer essa questão que vem preocupando muitos pacientes.
De acordo com o médico, essa informação não é verdadeira. Não há nenhuma nova diretriz oficial determinando que toda a população deva ter pressão arterial de 110x70 mmHg. O que houve, na verdade, foi uma reclassificação dos valores considerados ideais para a prevenção da hipertensão, promovida por três grandes entidades da área da saúde: a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) e a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).
Segundo Dr. Marcelo Rossi, a pressão tradicionalmente conhecida como “normal”, o famoso 12 por 8 (120x80 mmHg), passou a ser classificada como pré-hipertensão. A mudança tem como objetivo reforçar a importância da prevenção e incentivar o diagnóstico precoce. Nessa nova fase, mesmo sem a hipertensão estar totalmente instalada, os médicos são orientados a recomendar mudanças no estilo de vida e, dependendo do risco cardiovascular do paciente, até considerar o uso de medicamentos.
Apesar da reclassificação, o valor considerado normal em consultórios continua sendo abaixo de 140x90 mmHg. Já em medições feitas em casa, com aparelhos automáticos validados, a meta pode ser mais baixa, em torno de 130x80 mmHg. A ideia de que todos devem buscar o valor de 110x70 mmHg parece ter surgido de uma tentativa de simplificar a comunicação. É verdade que quanto mais próxima a pressão estiver dos valores “ótimos”, como 120x80 mmHg, menor tende a ser o risco de doenças cardiovasculares. No entanto, isso não significa que todos devam perseguir a mesma meta, especialmente idosos, que exigem cuidado especial.
Doutor destaca que a meta de pressão arterial deve ser individualizada, levando em conta fatores como idade, histórico clínico, presença de outras doenças e a tolerância do organismo. “Cada pessoa é única. A nova diretriz serve como alerta, mas a conduta médica deve ser individualizada. Isso é ainda mais importante quando falamos dos nossos idosos”, afirma.
Para pessoas mais velhas, especialmente aquelas com fragilidade, rigidez arterial, tonturas frequentes ou uso de múltiplas medicações, manter uma pressão muito baixa pode ser perigoso. Nessas situações, aumentam os riscos de quedas, desmaios e de má irrigação do cérebro. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, por exemplo, recomenda para idosos com doenças cardíacas ou múltiplas condições clínicas que a pressão sistólica fique abaixo de 140 mmHg, mas sem necessariamente atingir valores muito baixos.
Dr. Marcelo ressalta que, em muitos casos, manter a pressão em torno de 130x80 mmHg já é o mais adequado. O importante é controlar a pressão com segurança, evitando tanto os riscos da hipertensão quanto os perigos de pressões excessivamente baixas. O especialista reforça ainda que o controle da pressão arterial é essencial para prevenir infartos, AVCs e doenças renais, mas sempre com bom senso e acompanhamento profissional.
A principal orientação do médico é clara: mais do que se apegar a um número fixo, é fundamental medir a pressão corretamente, seguir o tratamento prescrito e manter hábitos de vida saudáveis. “A saúde não se mede apenas com um número. Ela se constrói com acompanhamento médico, equilíbrio e bom senso”, finaliza Dr. Marcelo Rossi.
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