Poder de compra dos cafeicultores dobra em São Paulo
O poder de compra dos produtores de café em São Paulo atingiu em 2025 um dos maiores níveis da década. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP) indicam que os cafeicultores precisam de cerca de 1,16 saca de café arábica (tipo 6, 60 kg) para comprar uma tonelada de fertilizante formulado. Desde 2011, a média era de 2,6 sacas por tonelada. O aumento da rentabilidade reflete o equilíbrio entre preços firmes da saca e custos mais estáveis de insumos agrícolas. A relação de troca entre café e fertilizantes mostra avanço expressivo e melhora nas condições de investimento dos produtores.
No Estado, a safra paulista de 2025 deve alcançar 5,5 milhões de sacas
beneficiadas, alta de 1,3% em relação ao ciclo anterior, segundo a Federação da
Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp). A área em produção está
estimada em 196 mil hectares, crescimento de 5,3%.
No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 51,8
milhões de sacas beneficiadas, redução de 4,4% em relação a 2024, com
produtividade média de 28 sacas por hectare.
Em Limeira, a cafeicultura mantém ritmo de expansão com uso de irrigação
e variedades adaptadas ao solo local. A Secretaria Municipal de Agronegócios
informa que o município integra o grupo de 41 cidades paulistas com mais de mil
hectares dedicados ao café arábica.
A engenheira agrônoma e secretária municipal Antonieta Polatto destaca que o município possui cerca de 20
hectares em produção. “Os projetos recentes utilizam as variedades Arara
Amarelo e Catuaí Vermelho, com irrigação e boa adaptação ao solo da região”,
afirma à reportagem da Gazeta. O
foco é consolidar o café local como produto de origem controlada e de valor
agregado.
As lavouras situam-se em áreas com altitude média de 580 metros,
condição que favorece o equilíbrio químico e o desenvolvimento uniforme do
grão. O município também mantém programas de capacitação para produtores sobre
manejo do solo e uso racional de insumos.
O Governo do Estado lançou o Programa
Rotas do Café, que mapeia e divulga roteiros turísticos em municípios
produtores. A iniciativa busca ampliar o fluxo de visitantes e divulgar a
história e a cultura cafeeira paulista. O programa também promove a valorização
dos cafés especiais produzidos no estado, com ações para divulgar a qualidade
do café paulista no mercado nacional e internacional. Outra frente do projeto
incentiva hotéis, padarias, bares e restaurantes a incluir e identificar o
“Café de São Paulo” em seus cardápios, estimulando o consumo interno.
São Paulo é atualmente o terceiro maior produtor de café arábica do
Brasil e o oitavo maior do mundo. O estado responde por cerca de 40% das
indústrias de torrefação do país, concentradas principalmente nas regiões de
Campinas, Ribeirão Preto e Grande São Paulo.
Entre janeiro e julho de 2025, as exportações paulistas de café somaram
US$ 1,10 bilhão, de acordo com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado. O setor movimentou R$ 5 bilhões do valor da produção agropecuária
paulista em 2024, consolidando o café como um dos principais produtos do
agronegócio estadual.
Perspectivas
Com o aumento do poder de compra e os programas de incentivo ao turismo
e à qualidade, a projeção é de crescimento de até 5% na área plantada de café
em São Paulo até 2026, com destaque para as regiões da Mogiana, Alta Paulista e
entorno de Limeira. Mesmo com a bienalidade da espécie arábica uma alternância
natural entre safras maiores e menores o cenário atual favorece novos
investimentos e amplia a competitividade do setor.
Em Limeira, o cultivo de variedades adaptadas, o uso de irrigação e a
integração a programas estaduais de valorização do café reforçam o papel do
município no mapa da cafeicultura paulista. O setor consolida-se como fonte de
renda e desenvolvimento rural, com reflexos na economia local e no turismo
regional.
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