
Aumento de conflitos e agressões em escolas da região preocupa
Nas últimas semanas, a violência dentro de escolas estaduais de Limeira e da região tem chamado atenção de autoridades, pais e educadores. Em um intervalo de poucos dias, diversos episódios de agressões físicas entre alunos e até envolvendo profissionais da educação foram registrados, provocando feridos, demissões e insegurança no ambiente escolar.
No início de setembro, uma vice-diretora de uma escola estadual em Limeira perdeu o cargo após tentar separar uma briga entre alunas e acabar se envolvendo fisicamente na confusão. O caso repercutiu negativamente na comunidade escolar e gerou debates sobre os limites da atuação de educadores em situações de conflito.
Na mesma semana, um adolescente de 14 anos foi brutalmente agredido por pelo menos dois colegas dentro da Escola Estadual Brasil, localizada na região central da cidade. O caso foi gravado por outros estudantes e gerou indignação nas redes sociais. Já há uma semana, na vizinha Engenheiro Coelho, uma briga entre alunos da Escola Estadual Antônio Alves Cavalheiro resultou na fratura da mão de um estudante. A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) se manifestou por meio de nota, repudiando o ocorrido e informando que providências estavam sendo tomadas.
Nesta semana, um novo episódio grave foi registrado. Um pai denunciou brigas constantes e ameaças entre estudantes em outra escola estadual de Limeira. Além disso, um jovem de 17 anos precisou ser socorrido pelo SAMU após se ferir gravemente durante uma briga na Escola Estadual Antônio Perches Lordello, no Jardim Nova Itália. Ele foi encaminhado para a Santa Casa da cidade.
Diante da escalada de violência nas unidades escolares, a Gazeta de Limeira ouviu a psicóloga Liliane Broeto, com atuação em comportamento de adolescentes e atuante em Limeira. Segundo ela, o aumento nos casos de agressões pode estar ligado a uma série de fatores psicológicos, como estresse crônico, frustrações, falta de controle emocional, traumas anteriores, transtornos de saúde mental (como ansiedade, depressão e TDAH), além da busca de identidade e pertencimento típica da adolescência. “A impulsividade, a pressão dos colegas e até a defesa contra o bullying são sinais de alerta importantes”, explica Liliane. “Os conflitos familiares e a ausência de habilidades socioemocionais também contribuem muito para esse cenário. ”
A psicóloga também destaca o papel negativo
que as redes sociais podem exercer na vida de adolescentes. “O consumo
constante de conteúdos violentos, o cyberbullying, os desafios perigosos, além
da exposição a comparações e críticas, contribuem para a dessensibilização emocional
e o aumento de comportamentos agressivos”, afirma.
Para lidar com esse panorama preocupante, Liliane defende uma abordagem mais ampla e estruturada por parte das escolas. Entre as medidas apontadas estão programas de prevenção e mediação de conflitos, educação socioemocional para alunos e formação adequada para os docentes, além de um trabalho conjunto com os pais. “É fundamental que a escola tenha uma equipe multiprofissional, com psicólogos e assistentes sociais, e que adote ações restaurativas, não apenas punitivas”, ressalta.
Ela também recomenda que as escolas estabeleçam um plano de segurança escolar e que ofereçam apoio emocional e psicológico após incidentes graves, para evitar traumas de longo prazo.
A sequência de casos registrada recentemente em Limeira e região acende um alerta urgente sobre a necessidade de políticas públicas eficazes, integração entre família e escola e investimentos em saúde mental no ambiente escolar. A violência, cada vez mais presente, precisa ser enfrentada com seriedade, empatia e estratégias preventivas que visem o bem-estar de todos os envolvidos.
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