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Pré-natal contribui para queda histórica da sífilis congênita

O Brasil registrou queda no número de casos de sífilis congênita pela primeira vez em três anos, segundo o Boletim Epidemiológico de Sífilis 2025, divulgado pelo Ministério da Saúde. O levantamento aponta 24.443 diagnósticos em 2024, redução de 2.677 em relação a 2022. O recuo representa avanço na prevenção da transmissão vertical, ou seja, de mãe para bebê, resultado atribuído à ampliação do diagnóstico e do tratamento durante o pré-natal.

A taxa nacional de sífilis congênita atingiu 9,6 casos por mil nascidos vivos, com 183 óbitos em menores de um ano. O coeficiente de mortalidade infantil ficou em 7,2 por 100 mil nascidos vivos. Apesar da redução entre recém-nascidos, a sífilis adquirida segue em alta, especialmente entre pessoas com mais de 40 anos, grupo que antes registrava índices menores, mas apresenta aumento contínuo desde 2021.

A sífilis congênita, transmitida de mãe para filho durante a gestação, continua sendo uma preocupação de saúde pública. A doença, causada pela bactéria Treponema pallidum, é curável, mas pode causar sequelas graves ou levar à morte do bebê quando não tratada adequadamente.

Em entrevista à Gazeta de Limeira, a médica infectologista Dra. Maria Beatriz Bonin Caraccio, do Hospital Unimed Limeira, destacou a importância do diagnóstico precoce e do tratamento correto. Segundo ela, a sífilis na gestante é uma situação delicada, principalmente porque, na maioria das vezes, a mulher não apresenta sintomas e desconhece a infecção. “O diagnóstico é feito através de exames de triagem no pré-natal. Essa etapa é essencial, já que a doença pode ser transmitida para o feto, levando a diversos graus de comprometimento, desde formas leves até óbito fetal ou perinatal”, explicou.

O protocolo de atendimento prevê a solicitação e coleta de exames para sífilis já na primeira consulta do pré-natal. “Caso o resultado seja positivo, o tratamento deve começar imediatamente. Dessa forma, o bebê também é tratado indiretamente”, afirmou a infectologista. O tratamento é realizado com injeções de Benzetacil, e a quantidade de doses depende da fase da doença em que a gestante se encontra.

A especialista ressaltou ainda que os parceiros sexuais precisam ser investigados e tratados para evitar novas infecções. “Para proteger o bebê, o tratamento da gestante deve ser concluído algumas semanas antes do parto. Mesmo assim, todo recém-nascido de mãe com sífilis é investigado logo após o nascimento”, destacou. Caso o exame do bebê apresente resultado positivo, ele também precisa de tratamento individual, conforme o grau de comprometimento clínico.

Em situações mais graves, é necessário colher o líquor, o líquido da espinha para avaliar possível comprometimento do sistema nervoso central. “Se houver alteração nos resultados, o bebê deve permanecer internado para receber antibióticos por via endovenosa”, explicou Dra. Maria Beatriz.

A médica reforçou que, apesar da gravidade, a sífilis tem cura completa com o tratamento correto. No entanto, a reinfecção pode ocorrer se houver contato sexual com um parceiro infectado. “A prevenção depende do cuidado conjunto entre o sistema de saúde, a gestante e o parceiro. O pré-natal bem feito salva vidas”, concluiu.

De acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Limeira, entre janeiro e outubro de 2025 foram registrados 58 casos de sífilis em gestantes, queda em relação aos 134 casos de 2024. O número indica avanço na prevenção e no diagnóstico precoce, mas, segundo especialistas, ainda é necessário reforçar a conscientização sobre o uso de preservativos e a importância do acompanhamento médico durante a gravidez.

O Ministério da Saúde reforça que o pré-natal é a principal estratégia de controle da sífilis congênita. A testagem e o tratamento oportunos da gestante e do parceiro interrompem a cadeia de transmissão e reduzem os riscos para o bebê. O avanço depende da adesão das gestantes às consultas e da atuação contínua dos serviços de saúde.


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