Saúde puxa crise e municípios pedem resgate urgente
A crise fiscal que atinge as prefeituras paulistas ganhou
novos contornos nos últimos dias. Em carta enviada ao governador Tarcísio de
Freitas, duas das principais entidades municipalistas do estado — a Associação
dos Municípios de Médio e Pequeno Porte (AMPPESP) e a Associação Paulista de Municípios
(APM), pedem uma intervenção emergencial para impedir o travamento de serviços
básicos, especialmente na saúde.
O alerta vem acompanhado de números que acendem o sinal
vermelho: 319 cidades arrecadaram menos do que o previsto em 2024 e 487 dos 645
municípios do estado estão gastando mais do que conseguem pagar. O cenário é
agravado pelo fato de 57 prefeituras já terem estourado o limite legal de
despesas com pessoal.
A deterioração não é pontual. Em 2022, apenas 63 cidades
registravam queda de arrecadação. Hoje, o número é cinco vezes maior. Parte dos
municípios só conseguiu evitar um rombo ainda maior ao reduzir os orçamentos
previstos para 2025.
“Chegamos ao limite”, diz presidente da AMPPESP
Em entrevista à Gazeta, o presidente da AMPPESP, Adinan
Ortolan, afirmou que o quadro é de estrangulamento financeiro. Segundo ele,
muitos municípios já convivem com fornecedores sem receber, risco de atraso no
13º salário e dificuldade para manter contratos essenciais.
“As prefeituras chegaram ao limite. Não é problema de
gestão, é falta de recursos. Sem apoio, não conseguiremos garantir serviços
básicos à população”, disse Ortolan.
O presidente destaca que as cidades passaram a assumir
responsabilidades que antes eram do governo estadual ou federal: transporte e
merenda de alunos da rede estadual, ações na área de autismo, bem-estar animal,
meio ambiente e até iniciativas de segurança.
Mas é a saúde que mais pressiona os cofres municipais. A
participação das prefeituras no custeio do setor saltou de 25% para 34% em duas
décadas. Hoje, o gasto médio chega a 23,1% do orçamento em alguns casos,
ultrapassa 30%. Só em 2024, os municípios investiram R$ 58,5 bilhões acima do
mínimo constitucional.
Pedido de socorro ao governo do Estado
Diante do quadro, as entidades pedem que o governo estadual
libere ainda em 2025 um aporte emergencial para a saúde, de modo que as
prefeituras consigam fechar as contas do ano. Para 2026, propõem um programa
permanente de financiamento complementar, semelhante ao SUS Paulista que
atualmente repassa recursos a Santas Casas e hospitais filantrópicos.
A carta, assinada por dezenas de prefeitos, resume o apelo:
“Um Estado forte se faz com municípios fortes.”. Sem uma resposta rápida,
alertam as entidades, serviços essenciais podem ser paralisados, com impacto
direto sobre a população.
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