Uma das leis universais da existência é a Lei da Atração: a vida nos dá mais do mesmo daquilo que estamos pensando, sentindo e vibrando.

Agradecer por absolutamente tudo não tem a ver com positividade tóxica - se você tiver um problema e se chatear por isso, tudo bem, desde que você saia do estado de reclamação o mais rápido possível, busque soluções e aprenda a agradecer pela experiência que tal problema o ensinou, pois aprendemos com todas as experiências vividas - e focar no aprendizado é mais inteligente do que remoer os problemas já que tudo que colocamos foco expande.

Assisti uma palestra que trouxe o seguinte dado: uma pessoa num dia normal reclama verbal e/ou mentalmente em média 200 vezes por dia. Re-clamar significa pedir de novo. Se uma pessoa reclama do trânsito, do calor, das dívidas, do trabalho que não gosta, etc. ela vai receber mais daquilo de forma automática/vibracional e assim, terá mais motivos para continuar insatisfeita e reclamando.

Já uma pessoa consciente de seus pensamentos, sentimentos e palavras segue pelo caminho da expansão, trabalha e foca no que quer receber da vida, não perde tempo com a toxidade dos pensamentos negativos em relação aos outros e a si mesma, e assim, vive melhor e com mais contentamento e prosperidade em todos os níveis.

Acordar em estado de graça por estar vivo, pela cama que o descansou, pelo novo dia que se inicia e por aí vai, é um ótimo começo que caminhará para um estado de constante gratidão pelos detalhes do dia a dia: como a água que lavamos o rosto, a privacidade do nosso lar, a natureza e todas as pessoas que contribuíram para que nosso café da manhã chegasse até nós. Com o passar do tempo começam a acontecer tantas bênçãos que você não tem outra alternativa senão agradecer.

Na minha experiência a gratidão se intensificou quando me tornei consciente do seu poder. Outra lei universal da existência é a Lei do Livre Arbítrio que ressoa com minha independência, por isso, eu não espero nada fora me salvar eu mesma faço meu trabalho diário, co-crio minha realidade e a gratidão me ajuda nesse trabalho.

Olhando para minha vida percebo que o que deu errado no passado aconteceu para me trazer aprendizados que me levaram além, e percebo também que por oscilar algumas vezes e vibrar na medo ou na raiva, muitos resultados não foram satisfatórias. Hoje minha postura é diferente e mais confiante em mim e nas leis do universo. Devo muito disso ao autoconhecimento e ao conhecimento porque só é possível confiar em quem conhecemos e apesar de parecer óbvio, muitas pessoas não confiam em si e terceirizam para outros ou até para alguma religião a missão de realizar coisas e abençoar a própria vida por desconhecimento de suas potencialidades.

Confiar em quem somos e no que estamos fazendo aqui atrai benções o tempo todo. Sexta fui à feira como de costume e “do nada” ganhei um monte de mangas que quase não consegui carregar, na sequência fui num empório comprar umas coisas veganas e sem glúten que amo e “do nada” começou a chover e eu que estava a pé pensei: ótima oportunidade para tomar um banho de chuva e me energizar com essa água, e no minuto seguinte o manobrista falou: Você está sem carro? Falei sim, moro aqui em frente não tem problema. Ele: De jeito nenhum, eu te levo de guarda-chuva até o portão do prédio. Como a chuva estava muito forte, aceitei e agradeci. Chegando em casa me senti grata de coração pela gentileza, e pouco depois recebi uma mensagem que tinha sido sorteada e ganhei um presente pelo dia da mulher. Tudo isso em menos de 3 horas.

O poder da gratidão transforma nossas vidas em uma chuva de bênçãos. Tenho convicção que tudo que acontece é benção ou lição. Mas tem um detalhe: para esse fluxo acontecer é preciso sentir-se merecedor para receber tudo de melhor que a vida tem a oferecer. Parece óbvio mas muitas pessoas não se sentem merecedoras por vários motivos, crenças limitantes e também pelo que elas sabem sobre o que tem dentro delas: o que pensam, sentem e fazem - que muitas vezes não é algo positivo e coloca a pessoa num lugar de inferioridade com relação a ela própria.

Por isso é tão importante orar e vigiar.
Nós somos nossos próprios juízes e sabemos o que temos na mente e no coração. Contudo, sempre há a chance de evoluir e fazer melhor, e caso esse seja seu caso, começa de novo, dá o seu melhor e a vida retribuirá.

A consciência tranquila de uma mente e um coração limpos ajuda muito nesse processo de confiança e merecimento. Esse discernimento também é nossa proteção, pois uma pessoa preenchida de coisas boas não dá brecha no plano sútil para nenhuma emanação contrária do lado de fora entrar, e não acredita em nada contrário aos seus princípios no plano material.

O Poder da Gratidão é Abençoado e Transformador.

Ao receber uma benção, agradeça e diga a si mesmo: O que mais de bom vai me acontecer hoje? ♥ Acredite, é assim que acontece. Assim é!

 

*Caroline Oehlerick Serbaro é advogada especialista em Direito de Família e Sucessões com ênfase interdisciplinar em Psicanálise e Solução de Conflitos, Head direito de família do escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados e co-criadora do projeto @divorciandos

 

Você já pensou em se demitir, e mesmo assim receber todas as suas verbas rescisórias? É isso que acontece nos casos de rescisão indireta!

A justa causa do empregador, também conhecida como rescisão indireta, é um termo jurídico que se refere a uma situação em que um empregado decide encerrar seu contrato de trabalho com base em uma falta grave cometida pelo empregador.

A relação de trabalho é uma parte vital da sociedade, onde empregadores e empregados colaboram para atingir objetivos comuns. No entanto, conflitos podem surgir, e é fundamental entender que tanto o empregador quanto o empregado têm direitos e responsabilidades definidos por lei e pelo contrato de trabalho.

É inquestionável que o empregador tem o direito e a responsabilidade de tomar decisões que beneficiem o bom funcionamento da empresa. Essas decisões podem incluir a gestão de pessoal, a definição de políticas internas e a adoção de medidas para garantir a eficiência e a sustentabilidade do negócio. Desde que essas decisões estejam em conformidade com as leis trabalhistas e com os termos do contrato de trabalho, o empregador tem o direito de implementá-las.

No entanto, existe um dispositivo legal conhecido como "rescisão indireta" ou "justa causa do empregador" que permite ao empregado encerrar o contrato de trabalho unilateralmente em situações excepcionais. Isso ocorre quando o empregador comete faltas graves que tornam insustentável a continuidade da relação de trabalho.

O artigo 483 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em suas alíneas "a" até "g", estabelece as diversas hipóteses nas quais um empregado pode buscar a rescisão indireta de seu contrato de trabalho. Essas disposições legais detalham as faltas graves do empregador que, quando configuradas, autorizam o empregado a tomar a decisão de encerrar o contrato unilateralmente, desde que siga os procedimentos legais estipulados para tal medida.

Essas alíneas abrangem uma variedade de situações, como atrasos no pagamento de salários, a não concessão de férias, a falta de condições adequadas de trabalho e outras violações substanciais dos direitos do trabalhador, visando assegurar que a relação de emprego se dê em conformidade com os princípios da lei trabalhista brasileira.

Ademais, a Justiça do Trabalho estabelece alguns requisitos para a concessão desse tipo de rescisão, exigindo imediaticidade, atualidade do pedido e gravidade dos fatos. Caso seja concedido o pedido, todas as verbas rescisórias deverão ser pagas pela empresa.

O empregado tem direito ao pagamento dos salários que estiverem em atraso, ou seja, os salários correspondentes ao período em que não recebeu seu pagamento. Caso o empregado não tenha utilizado todas as suas férias, ele tem direito a receber o valor proporcional ao período não gozado, acrescido de 1/3, conforme o artigo 146 da CLT.

Ainda, caso a rescisão ocorra antes do final do ano, o décimo terceiro salário deverá ser pago proporcional ao trabalhado durante o ano. Após a rescisão, o saldo do FGTS poderá ser sacado, incidindo multa de 40% do valor total caso o empregador não tenha efetuado corretamente os depósitos durante o período de trabalho.

Por fim, dependendo das circunstâncias da rescisão indireta e dos direitos estabelecidos em convenções coletivas ou acordos de trabalho, o empregado pode ter direito a outras verbas rescisórias, como horas extras, adicional noturno, comissões, entre outros.

Para requerer a rescisão indireta, você deverá coletar provas sólidas que demonstrem a grave violação do empregador às suas obrigações contratuais. Isso pode incluir documentos, e-mails, testemunhas, fotografias ou vídeos, se aplicável.

Ainda, a notificação do empregador é um passo importante. Você deve enviar uma notificação por escrito ao empregador, descrevendo detalhadamente as violações contratuais que levaram à rescisão indireta. Certifique-se de enviar a notificação por meio de um método que possa ser comprovado, como carta registrada ou e-mail com confirmação de leitura.

Se o empregador não corrigir as violações ou se recusar a aceitar a rescisão indireta, você pode entrar com uma ação na Justiça do Trabalho. Com um advogado especializado, você terá auxílio para preparar os documentos necessários e representá-lo no processo.

No entanto, é importante destacar que a rescisão indireta é uma medida extrema e só deve ser utilizada em situações nas quais o empregador tenha cometido faltas graves que justifiquem a rescisão.

Seja por razões simples ou mais complexas, os matrimônios podem chegar a um término. Decidir-se pelo divórcio é um momento delicado e repleto de desafios emocionais e legais. Quando a relação chega a um ponto em que a separação é a melhor solução, é fundamental compreender os primeiros passos a serem dados nesse processo. O divórcio nada mais é do que a dissolução legal do elo do casamento civil, marcando o encerramento permanente das responsabilidades matrimoniais.

O primeiro passo, antes mesmo de entrar em questões legais, é avaliar seus sentimentos e certificar-se de que a decisão é verdadeira e bem ponderada. Conversar com um terapeuta ou conselheiro pode ajudar a lidar com as emoções intensas que acompanham essa jornada.

Uma vez decidido o divórcio, é importante conhecer as opções disponíveis. Existem duas vias principais para o divórcio: extrajudicial e judicial. O divórcio extrajudicial, também conhecido como divórcio em cartório, é possível quando o casal não possui filhos menores de idade e está de acordo com os termos da separação. Para isso, o pedido de divórcio extrajudicial deve ser feito através da representação das partes por um advogado devidamente habilitado. Adicionalmente, no processo de entrada, ambas as partes precisarão apresentar a certidão de casamento, bem como os documentos de identificação (RG e CPF) de ambos. Para a conclusão do processo, será necessário que ambas as partes assinem a escritura do divórcio.

Entretanto, apesar da concordância em relação ao divórcio, existem cenários nos quais a legislação requer que o divórcio seja concretizado através de uma ação judicial. Isso se aplica especialmente quando há filhos menores de idade, pessoas incapazes ou se houver uma gravidez em curso. Nestes casos, o divórcio é direcionado para a esfera judicial a fim de assegurar a proteção dos direitos dos incapazes, mediada pelo envolvimento do Ministério Público.

É bastante frequente que uma das partes não esteja de acordo com o divórcio; entretanto, de acordo com a legislação brasileira, ninguém é obrigado a permanecer em um casamento indesejado. Portanto, caso você queira o divórcio, essa decisão é suficiente para dar início ao processo, mesmo que o seu cônjuge não compartilhe dessa intenção. Nesse cenário, quando não existe consenso mútuo, o tipo de divórcio adotado é o litigioso. Isso ocorre quando há desacordo em relação a questões importantes, como partilha de bens, guarda dos filhos, pensão alimentícia, entre outros aspectos que envolvem a dissolução do casamento.

Isso pode resultar em um processo mais complexo e demorado, uma vez que é necessário que um juiz tome decisões para resolver os impasses. Durante o processo de divórcio litigioso, cada cônjuge pode ser representado por um advogado, que atua defendendo os interesses de seu cliente. O juiz, por sua vez, analisa as evidências e argumentos apresentados por ambas as partes para tomar decisões que se alinhem com a legislação e protejam os direitos de cada cônjuge e, se houver, dos filhos envolvidos.

A divisão de bens é uma questão frequentemente discutida no contexto de um divórcio litigioso, podendo apresentar desafios significativos. O regime de Comunhão Parcial de Bens, caso tenha sido selecionado durante a celebração do casamento, precisa ser mantido no momento do divórcio. Consequentemente, metade de todos os ativos adquiridos durante o casamento será distribuída igualmente entre ambas as partes.

No caso em que o regime de separação total de bens foi adotado durante o casamento, cada indivíduo ficará com os seus próprios bens, resultando em uma administração independente por parte de cada cônjuge. Optando pela Comunhão Universal de Bens, todos os bens adquiridos antes e durante o casamento serão considerados.

Se houver crianças envolvidas, a decisão estará sob a jurisdição do Ministério Público, garantindo que as melhores escolhas sejam feitas em benefício dos filhos. Assim, a guarda poderá ser compartilhada ou unilateral, dependendo das circunstâncias e das necessidades da criança.

Por isso, independentemente da via escolhida, a presença de um advogado especializado em direito de família é crucial. Esse profissional irá orientar e representar você durante todo o processo, garantindo que seus direitos sejam respeitados e que as questões legais sejam tratadas de forma justa. Além disso, organizar documentos importantes como certidão de casamento, registros financeiros, documentos de propriedade e outros, é essencial para facilitar o processo.

 

 

Afonso Paciléo - advogado, founder do escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados, é professor, palestrante, escritor, mentor de advogados e conselheiro estadual da OAB/SP.

 

 

Entidades e profissionais de saúde intensificaram nos últimos dias a campanha "Agosto Dourado", que reforça a importância da amamentação para as mães e bebês. Mais do que um direito, estamos falando de um procedimento importante já na primeira hora de vida do recém-nascido e da mãe.

Estudos mostram que a sucção da criança ajuda nas contrações uterinas, diminuindo o risco de a mãe ter hemorragia nessa hora inicial – chamada pelos profissionais de "o quarto período do parto". O primeiro aleitamento também cria condições para fortalecimento do vínculo afetivo da mãe com o filho.

A primeira sucção requer que os corpos da mãe e bebê estejam bem posicionados. A criança tem que estar apoiada no corpo da mãe, com a cabeça virada para o peito e os braços livres. A posição correta vai facilitar também a "descida" do leite.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) avalia que a amamentação é primordial durante os 2 primeiros anos de vida da criança. Ainda segundo a OMS, não há um prazo para o fim da amamentação.

Por todos os benefícios que o aleitamento gera, o "Agosto Dourado" tem como principal objetivo sensibilizar a sociedade para que o procedimento seja reconhecido como fundamental para o desenvolvimento infantil.  O mercado está cheio de propagandas de marcas e fórmulas que buscam substituir a amamentação.

Porém, só o leite materno traz imunidade que será importante ao longo da vida. É rico em anticorpos, protegendo a criança de doenças como diarreia, infecção respiratória e alergia. Também diminui os riscos de hipertensão, diabetes e colesterol alto na vida adulta.

O desafio é maior diante da vida corrida dos dias atuais. Pela lei, as mães que trabalham, tanto as que concebem o bebê como as adotivas, têm direito a dois períodos para que possam amamentar seu filho durante a jornada diária. Cada período terá meia hora de duração, segundo o artigo 396 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

As mães devem evitar o uso de mamadeira, colher ou copo durante o aleitamento. A comodidade gerada pela prática é ilusória. Nessas condições, o bebê também tende a não "pegar" mais o peito.

Durante o trabalho, se necessário, as mães podem esvaziar as mamas por meio da ordenha. O leite retirado deve ser guardado em geladeira e levado para casa, sendo oferecido para a criança no mesmo dia ou no dia seguinte, caso esteja congelado.

Até os 6 meses de idade, o bebê não precisa de nenhum outro alimento (suco, água, chá ou outro leite). Em caso de dúvida, um profissional da saúde auxilia as mães.

O aleitamento materno, sendo prazeroso, estabelece um contato olho no olho entre mãe e criança. É um momento de fortalecimento da relação afetiva, trazendo mais confiança para a mãe e proteção para criança.

Tudo isso será fundamental naquele momento e para o resto da vida.

 

 

 Renata Zaccaria é médica e coordenadora do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Medical, da Hapvida NotreDame Intermédica em Limeira,  professora com mestrado e doutorado pela Faculdade de Medicina da Unicamp.

“Pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, intersexo e não binárias: vocês existem e são valiosas para nós”. Este é um trecho do discurso de posse do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida. Nós, pessoas LGBT+, vivemos muitas lutas até o dia desse reconhecimento. Para nós, é motivo de muita alegria ver todo o espaço que conquistamos, embora também saibamos que ainda há muito pelo que lutar. 

O Dia Internacional do Orgulho LGBT é comemorado em 28 de junho para lembrar a chamada “Revolta de Stonewall Inn” (1969), quando a comunidade LGBT+ se rebelou contra uma série de invasões da polícia de Nova Iorque, nos EUA, aos bares frequentados por pessoas LGBT+. A partir disso, ocorreram protestos em favor dos direitos dos homossexuais por várias cidades norte-americanas. A 1ª Parada do Orgulho Gay, como era denominada na época, foi organizada no ano seguinte, 1970. 

A iniciativa se espalhou e chegou ao Brasil. A Parada LGBT da cidade de São Paulo está entre as maiores do mundo, registrando público de mais de 4 milhões de pessoas nas últimas edições. Este ano, teve como tema “Políticas Sociais para LGBT+, queremos por inteiro e não pela metade”. 

Em Limeira, a comunidade também é ativa nas lutas. A primeira parada do município foi organizada pelo Centro de Apoio à Diversidade (CAD) e ocorreu em 2010. Atualmente, a Associação da Diversidade de Limeira (ADLIM) é responsável pelo evento, que chega este ano em sua 9ª edição. O Coletivo Sobreviver também tem atuação no segmento.  

A Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da Câmara de Limeira, da qual sou presidenta, organizou a exposição “A História do Movimento LGBTQIA+”, que ficou disponível para visitação no hall da câmara na primeira quinzena deste mês. Foi possível relembrar iniciativas como as paradas LGBT+, eventos sobre a visibilidade trans, manifestações e desfiles do Bloco da Diversidade no Carnaval. 

A comunidade LGBT+ de Limeira foi um dos segmentos responsáveis pela minha eleição, e me tornei a primeira vereadora trans do município. Minha atuação na Câmara Municipal é voltada a todos os trabalhadores e trabalhadoras e claro que a pauta LGBT+ tem um lugar especial. 

Exemplo disso, entre outros que ainda virão, é a Lei Municipal 6.805/2022, que inclui perguntas sobre a sexualidade e transgeneridade no atendimento realizado nos serviços de saúde. Outro projeto relevante que está em tramitação é a obrigatoriedade da divulgação semestral dos índices de violência contra a população LGBTQIA+. 

Iniciativas como essas garantem dados que irão subsidiar o Poder Público na elaboração das políticas sociais que o movimento reivindica. Como enfatizou o ministro, nós existimos. E como cidadãos e cidadãs que somos, temos direito a acesso à saúde, educação e cultura. E que os equipamentos públicos estejam preparados para a diversidade da existência humana. 

Cada um e cada uma de nós somos únicos, e isso é maravilhoso! Feliz Dia do Orgulho para todos, todas e todes nós!

 

Isabelly Carvalho é vereadora de Limeira.

O presidente Lula está novamente na Europa, dessa vez em visita à Itália e França. Entre os compromissos oficiais, se reuniu com o Papa Francisco, no Vaticano, para debater as mudanças climáticas, o combate à fome, além de alternativas para encerrar a guerra entre Rússia e Ucrânia. Aproveitando a ocasião, o líder da Igreja Católica foi convidado para o Círio de Nazaré deste ano em Belém, Pará.

Claramente, o encontro tem um papel mais político do que prático porque o Papa, apesar de governar o Vaticano, que tem apenas 800 moradores e fica dentro de Roma, tem influência mesmo apenas no campo religioso. Para o mundo, trata-se de mais uma tentativa de Lula se colocar entre os protagonistas da política internacional, além de acenar para o Brasil, reforçando que seu governo não tem nada de ateu. É como na dança: “dois passos pra lá e dois pra cá”.

Como toda ação tem a sua reação, o que não falta é gente dizendo que Lula viaja demais e que deveria se preocupar mais com assuntos internos, como a articulação do governo no Congresso Nacional. Não está de todo errado, mas alguma oposição, em algum lugar do mundo, fica preocupada caso o governo perda uma votação? Enfim, a política tem disso. Por exemplo, entre 1995 e 2001, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) estava na presidência e a acusação era a mesma, “viaja demais”. Chamavam até de “Viajando Henrique Cardoso”. Bobo é quem cai nesse papinho porque, na economia mundial, os presidentes são comerciantes e bom vendedor é aquele que fica na rua, onde tudo acontece. No caso, a “rua do mundo” são os outros países e é assim, conversando com quem quiser conversar, que o contato de hoje se torna o contrato de amanhã.

Tudo isso ilustra uma velha piada da política, de que quando dois parlamentares trocam acusações, geralmente os dois estão certos.

 

“Há homens que morrem pela boca”

Um exemplo disso é a indicação de Cristiano Zanin para vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Embora tenha sido amplamente apoiada por juristas, é impossível não achar estranho que o indicado de Lula tenha sido advogado do próprio Lula, não é? Gostando ou não, no último dia 21 o Senado aprovou a indicação com 58 votos a favor e 18 contra.

Essa poderia ter sido uma notícia de certo embaraço para o governo, mas acabou ficando em segundo plano por causa do julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre os direitos políticos de Jair Bolsonaro (PL). As acusações são por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em função de a TV Brasil, emissora pública, ter transmitido uma reunião com embaixadores em que o ex-presidente alegava falhas no processo eleitoral brasileiro. Pois é, “quando a cabeça não pensa, o corpo padece”.

Esse é apenas um dos episódios em que o ex-presidente entrou voluntariamente, criando problemas para si mesmo. Para sempre será lembrado pela pandemia, evidentemente um desafio que ninguém havia enfrentado e um prejuízo imenso para o seu governo na economia. Porém, quando não se sabe qual caminho seguir, o negócio é deixar quem sabe, no caso os médicos, fazerem o trabalho deles. Foi a oportunidade de se tornar um herói apenas por ser prudente, mas é como se dizia no Império Romano: “há homens que morrem pela boca”. O caso da TV Brasil é só mais um exemplo disso em sua biografia.

 

 

“Eu sou empresária do ramo da saúde e tenho muito orgulho de ser neta do médico Elsimar Coutinho”. Assim Manuela Coutinho define seu sentimento, ao falar do avô. O médico foi pioneiro em anticoncepcionais injetáveis de uso prolongado no país. Logo em seguida, ele lançou outros importantes métodos contraceptivos, dentre os quais destacam-se os injetáveis, as pílulas para uso oral e vaginal e os implantes hormonais subcutâneos.

Manuela Coutinho, atualmente com 38 anos, faz parte, segundo estudo feito pelo Sebrae, de um grande contingente. A partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, no 3º trimestre do ano passado (2022), havia 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, o maior número de empreendedoras da história.

“Apesar das dificuldades e obstáculos que possam surgir, eu continuo com muito orgulho o belíssimo legado do meu avô. Tenho certeza de que a maior lição que aprendi com ele foi acreditar e perseverar. Ele defendeu os implantes quando ninguém o fazia, o que teria acontecido se ele tivesse desistido? Falar dos implantes, da gestrinona, ser a pessoa que dá a informação correta e de forma responsável e que trabalha de maneira incansável, isso tudo para mim é uma honra”, explica.

Manuela se lembra com carinho especial de uma passagem marcante de sua vida: “Dancei ao som de La Vie En Rose, de Edith Piaf, a valsa do meu casamento. Oito anos depois, minha avó, que é francesa e tem Alzheimer, estava em minha casa e cantou essa música inteira à capela, e se emocionou. Foi quando decidi que o nome do meu laboratório seria La Vie”.

Sua trajetória profissional começa em Madrid, quando se formou em Administração de Empresas, e trabalhou por quatro anos como auditora na multinacional PriceWaterhousecoopers (PWC). Quando viajava para o Brasil, nas férias, aproveitava a oportunidade para visitar as empresas de seu avô e, em uma dessas visitas, se interessou em entender como eram feitos os implantes hormonais.

A partir desse momento, ela soube que trabalharia com isso pelo resto da vida. Planejou sua transferência da empresa e nesse período começou a trilhar o longo caminho que tinha pela frente, para que os implantes pudessem ser divulgados e comercializados. Oito meses depois, desligou-se da PWC para se dedicar exclusivamente aos implantes hormonais e ao avô.

Ficou 10 anos à frente do negócio, e participou da transformação do mercado. “Fui a primeira pessoa no Brasil a idealizar e realizar cursos para médicos que queriam aprender sobre os implantes hormonais. Iniciei um movimento de abertura de mercado a partir da conscientização e da educação médica, que deu espaço para que se formasse o mercado sólido e pujante que temos hoje”, lembra Manu.

Quando o avô de Manuela faleceu em decorrência da Covid, em 2020, a transferência da gestão resultou em mudanças na estrutura da empresa que colidiram diretamente com seus valores e, neste momento, optou por deixar a empresa e recomeçar criando a sua própria marca. A MCLegacy Eduh e o La Vie Legacy Labs nasceram desta decisão.

Casada com o empresário Marcos, dono do Empório Casadez, distribuidora e varejista de bebidas, é mãe de dois meninos, Marcelo de 7 anos e Michel de 4 anos, que são os seus amores e acompanham os pais, apesar de pequenos, nas aventuras de empreendedorismo. Nascida em Londres – Inglaterra, porém com sua vida construída no estado da Bahia, tem o catolicismo como religião e valoriza a honestidade e a leveza nas pessoas.

Para ela, ser uma empresária da saúde no Brasil significa poder ser uma ponte entre o médico e o paciente, entendendo a necessidade de ambos e buscando soluções para que tanto médico quanto paciente conquistem os seus objetivos. Seguindo essa premissa, o La Vie Legacy Labs é um laboratório especializado em implantes hormonais estéreis onde são produzidos implantes hormonais de silástico e os absorvíveis. Na MCLegacy Eduh são realizadas mentorias e cursos para médicos, que vão desde o básico ao avançado; bem como treinamentos para as equipes desses profissionais, voltados aos procedimentos com implantes hormonais. Desta forma, as empresas seguem unidas no ideal de estreitar relacionamento com a classe médica e aprofundar conhecimento especializado, aliado à divulgação consciente, responsável e  eficiente dos seus produtos, a fim de alcançar a maior quantidade de mulheres possível, no único propósito de promover e expandir qualidade de vida e saúde.

O La Vie Legacy Labs nasce com a responsabilidade de consolidar os seus produtos como a maior referência do Brasil em terapias hormonais e tratamentos voltados à saúde reprodutiva e longevidade. Os implantes têm o objetivo de contracepção ou tratamentos de patologias estrogênio dependentes, como a endometriose, por exemplo, ou podem ser hormônios para reposição hormonal no climatério e menopausa ou andropausa.

Desde o início de tudo, Manuela Coutinho tem a irmã como sócia. Além dela, somam-se 20 colaboradores diretos, e tantos outros indiretos; muitos estão com ela desde quando trabalhavam na empresa anterior e que a acompanharam porque acreditaram nela e em seu sonho. Outros foram entrando à medida que iniciaram as atividades e muitos ainda chegarão. Além dos citados,  há todo um aparato médico especializado que envolve profissionais das áreas de ginecologia, endocrinologia, mastologia, nutrologia e outras especialidades que trabalham com longevidade e saúde integral.

Essa “anglo-baiana” tem as culinárias japonesa e italiana entre as suas preferidas. Em seus momentos de lazer, pratica esportes e o tênis é o seu favorito. A série Greys Anatomy - por motivos quase óbvios - faz parte de sua vida e seu livro preferido é “Atlas Shrugged” (A revolta de Atlas), de Ayn Rand. “O livro escrito pela filósofa, em 1957, que de forma brilhante mistura romance e mistério em uma crítica sobre valores essenciais, continua muito relevante atualmente”, comenta Manu.

Essa mulher sonhadora e determinada ainda quer conhecer a França, passear com a família brasileira e visitar a família que ainda vive lá e assistir, se possível, ao torneio de Roland Garros, em junho. Além de tudo isso, ela ainda pretende desenvolver o talento ou habilidade de cantar ou tocar um instrumento musical. Haja fôlego para acompanhar essa mulher arretadaI

Voltando para o assunto dos negócios, em números, para se ter uma ideia, o mercado magistral como um todo faturou em 2022 algo em torno de cinco bilhões de reais. Estima-se que 20% desse total estejam nas mãos dos estéreis, incluindo os implantes hormonais. Para o laboratório La Vie Legacy Labs, que teve início das atividades em abril de 2023, a perspectiva é de faturar 10 milhões de reais até o final deste ano.

A gestrinona, um esteróide sintético, esteve no centro de uma discussão recente. Com propriedades androgênica, antiestrogênica, antiprogestogênica e antigonadotrófica, ela age no sistema Hipotálamo-Hipófise diminuindo a liberação de FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante), reduzindo a ação do estrogênio, podendo ser indicada para tratar endometriose, mioma, adenomiose, anemia, TPM, perda óssea e mastalgia.

A gestrinona diminui o SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais), aumentando a biodisponibilidade da testosterona que produzimos e, como efeitos colaterais positivos, ocorrem a melhora da disposição física, aumento da libido, diminuição de gordura corporal e celulite, além de promover ganho de massa muscular. E como efeitos negativos o aumento da oleosidade de pele e cabelo, acne, queda de cabelo e retenção de líquido.

Infelizmente, como explica Manu, esse tipo de tratamento no Sistema Único de Saúde - SUS não está disponível  e a necessidade de oferecer diagnóstico e tratamento de forma mais eficiente para mulheres com endometriose vem sendo ignorada. O tratamento com gestrinona não é barato e acessível a todas as mulheres. A depender da dosagem, em creme varia entre R$ 300,00 e R$ 500,00, por mês, e em implantes fica em torno de R$ 4.000,00 e R$ 8.000,00, por ano. O conselho da empresária para quem quer fazer o tratamento de implante hormonal é encontrar um bom médico e um laboratório confiável que sigam as recomendações médicas. 

Para Manu, é de suma importância pensar em políticas públicas que contemplem também os implantes hormonais para trazer a mais mulheres as benfeitorias que o processo promove. Afinal, quando se cuida de uma mulher, o mundo inteiro melhora.

As dúvidas com os diferentes tipos de implantes hormonais. Existe o melhor?

“O melhor é aquele que atende às necessidades das pacientes. Falar de implantes não é falar de um produto, é falar sobre a saúde da mulher; não só da cura de alguma patologia, mas da saúde sob um olhar 360°. Recentemente houve muita desinformação sobre como funcionam os implantes de silásticos e bioabsorvíveis e entrou-se muito na questão de qual seria o melhor, o mais apropriado para a mulher. Cresci com uma adoração por implantes hormonais, meu avô era médico e cientista e desenvolveu, entre outras vias de tratamentos hormonais, os implantes e cada uma das vias tem a sua indicação e sua contraindicação também”, esclarece Manuela.

Não Absorvíveis - Silástico

“Os implantes não absorvíveis são pequenos tubinhos translúcidos de silicone silástico, adequados para uso subcutâneo. No interior de cada tubinho, encontra-se o ativo hormonal puro, que atinge a corrente sanguínea através de difusão passiva. Nesse tipo de implante não há combinação de hormônios diferentes ou excipientes em um mesmo dispositivo. A vantagem de escolher este método para tratamento hormonal é a estabilidade de liberação da droga durante o período do tratamento. Ao final do período de 12 meses, o implante deverá ser retirado para colocação de novos dispositivos e a continuidade do tratamento. Apesar da retirada dos implantes ser vista como uma desvantagem, nós acreditamos que a possibilidade de interromper o tratamento a qualquer momento, se necessário, garante segurança para médico e paciente”, diz Manu.

Os implantes absorvíveis

Sempre detalhista em suas explicações, Manuela esclarece: “Os implantes absorvíveis, chamados de pellets fora do Brasil, são pequenas estruturas cilíndricas do hormônio compacto. Ao longo do tratamento a estrutura se dissolve liberando o ativo hormonal na corrente sanguínea. A grande vantagem do método é não precisar fazer o procedimento de retirada. O tempo de duração é mais curto e pode variar entre quatro e seis meses, dependendo da paciente. Se por um lado o prazo de duração é uma desvantagem, por outro o intervalo mais curto é uma excelente oportunidade de acompanhar a paciente mais de perto”.

“Meu avô ganhou prêmios no mundo todo, publicou livros que venderam milhares de cópias e não demorou muito para que a adoração da neta se transformasse em trabalho pelo objetivo em comum: a consolidação dos implantes hormonais como ferramenta na manutenção da saúde da mulher. Esse estado em que conseguimos conservar a mulher em seu pleno potencial, em todas as fases da sua vida, sem dores, sem sangramentos mensais, sem anemia, sem fogachos, sem fadiga, com disposição e com coração e ossos fortes é e sempre será nossa meta, incansavelmente acompanhando e aperfeiçoando todos os processos e procedimentos”.

“Ao trabalhar com implantes hormonais por mais de 10 anos dentro do laboratório, tive o privilégio de conhecer o produto e os médicos profundamente. Fora do laboratório, tive a oportunidade de conhecer e me conectar com as pacientes, que me concederam a especial ocasião de observar a mudança que o tratamento administrado por esta via é capaz de provocar não só nelas, mas em tudo à sua volta”.

Os ataques racistas (desta semana) ao jogador brasileiro ViniJr causaram a devida repercussão e exigência por ações concretas para o combate ao racismo, e visibilidade às múltiplas dimensões da violência racial. Celebramos a tomada de decisões, mas também lamentamos que a mesma reação não tenha sido tomada anteriormente contra outras manifestações racistas sobre este jogador, sobre outros jogadores e jogadoras, além de centenas de casos que se repetem com a população negra ao redor do mundo e no Brasil.
 
O racismo é uma organização da distribuição de poder pelo mundo, que normaliza a subalternização, a animalização, a restrição de oportunidades e ataques sobre as pessoas negras, suas culturas e modos de vida. E por identificar como alvo corpos negros, outros marcadores sociais, como classe social, dinheiro e reconhecimento midiático [como no caso do atleta] são pouco eficazes para reverter o panorama racista e suas violências. Para pessoas sem estes marcadores e especialmente em outras situações de vulnerabilidade, a violência e a impunidade se amplificam.
 
Em agosto de 2022 a CBF divulgou o “Relatório Anual de Discriminação Racial” que identificou 64 casos registrados de racismo, além de Xenofobia (6 casos), Machismo (15 casos) e LGBTfobia (24 casos). Em tendência crescente de casos registrados em relação a anos anteriores, o relatório aponta para a manutenção de estruturas raciais e a necessidade de identificação, punição e educação para a sociedade como um todo.
 
Este episódio mostra, mais uma vez, a forma com que a desigualdade racial informa as relações sociais, fere as identidades e autopercepções de pessoas negras, orienta as instituições e implica numa cadeia de consequências e preconceitos sobre diversas dimensões de forma sistêmica. Afinal o racismo não surge nos estádios, mas ao longo de trajetórias de vidas que normalizam a hierarquia racial e se manifestam nesse ambiente. Por outro lado, a normalização das violências, a ideologia de que o racismo é ‘exceção’ ou ‘brincadeira’, a impunidade de autoridades, fazem dos ambientes que reproduzem o racismo poderosas ferramentas para a reprodução da subalternização da população negra.
 
A projeção de ViniJr fez com que, desta vez, medidas concretas fossem tomadas, e que a violência seja visibilizada. Esperamos que todas as violências raciais contra a população negra no Brasil e no mundo sejam tratadas com a mesma força e repercussão, para que não seja banalizado o epistemicídio e o genocídio, para que marque um avanço civilizatório, uma organização de mundo que se contraponha ao racismo.
 

É certo que a morte de um parente, um amigo, ou algum conhecido mesmo que nem tão chegado, se torna um momento muito difícil para qualquer ser humano, e é claro, dependendo do grau de parentesco ou proximidade com o extinto, a dor também se torna maior ou menor.  

Há um tempo atrás, para comunicar o falecimento de alguém, geralmente os familiares podiam utilizar o rádio, obituários em jornais, comunicados afixados em locais públicos pelas funerárias, e em algumas cidades, havia o comunicado feito através de alto-falantes em igrejas. 

Nesses comunicados, eram informados o nome completo do falecido, idade, naturalidade, horários de velório e sepultamento, e em alguns casos, até o nome dos familiares. 

Em muitos lugares, esses métodos de comunicação ainda existem, porém, com o advento das redes sociais, a divulgação de um falecimento pode ser feita de maneira mais rápida e para um número maior de pessoas.  

Entretanto, em muitas ocasiões, essa divulgação acaba sendo mais uma desinformação, pela falta de informações de quem pretende informar. 

"Luto, por um Amigo". 

Só isso. E nada mais. 

A pessoa tem quase cinco mil amigos nas redes sociais, e a gente precisa descobrir qual deles é que bateu as botas. Isso se a pessoa que se foi, estava nas redes sociais e estava entre os amigos daquele que publicou. 

Aí começa um trabalho de detetive para descobrirmos a identidade do tal "amigo" por quem se guarda o luto. Precisamos ler as centenas de comentários para acharmos uma pista, principalmente, quando alguém escreve um pouco mais do que simplesmente "sentimentos à família".  

E o pior é quando outro curioso pergunta na lata: "Quem morreu?", mas o responsável pelo incompleto comunicado simplesmente some e não responde. 

Vasculhamos as páginas de funerárias e jornais da cidade na esperança de descobrirmos se alguém faleceu naquele dia, para cruzarmos os dados e tentarmos ligar com o suposto falecido que aquela pessoa comunicou, mas não informou. 

Tem também quem informa o falecimento de um parente, mas não diz quem é: 

"Luto, tio". 

Lá vamos nós procurar todos os amigos e seguidores dessa pessoa com o mesmo sobrenome, para tentar achar uma pista, ou nos comentários, se alguém escreveu algo que possa esclarecer o mistério. 

Com muita sorte, e em casos raríssimos, alguém marca o falecido nos comentários (quando este possui redes sociais), ou menciona o nome da pessoa, e então, descobrimos quem foi que morreu.  

Finalmente, podemos nos solidarizar, prestando também as nossas "condolências à família". 

Maio chegou chegando: feriado logo no dia primeiro, coroação do “ex-príncipe”, agora Rei Charles III, seguido pelo anúncio de que a Covid deixou de ser uma pandemia, sem falar no ex-presidente Fernando Collor, que voltou aos holofotes com chances reais de ser condenado, além da inesperada cassação do deputado federal Deltan Dallagnol. Tudo isso, enquanto segue a novela de Bolsonaro e seus funcionários em investigação da Polícia Federal!

Para engrossar o caldo, deputados e senadores têm novos palcos para fazer discursos teatralmente ensaiados para as redes sociais: começou a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Só que na política ainda vale a Lei de Talião e o que não falta é “olho por olho, dente por dente”. Por quê? Simplesmente porque os governistas também tem uma CPMI para chamar de sua, a que vai investigar os atos de vandalismo no dia 08 de janeiro.

Nos dois casos, serão 120 dias de muito bate-boca e distração em relação a problemas realmente urgentes. Haja paciência, mas não adianta demonizar a política. Em um país onde jogador de futebol entra em esquema para manipular resultados de jogos e, no último dia 16, um homem foi flagrado indo de moto até o local onde faria prova para tirar sua Carteira Nacional de Trânsito (CNH), em Taguatinga, Distrito Federal, os problemas do país não são responsabilidade só dos políticos, né?

Investir agora para lucrar depois?

É tanta fofoca na política que dá a impressão de que os nobres parlamentares ganham por produção de notícias. No que realmente interessa, Lula está no Japão para participar de encontro da cúpula do G7, as maiores economias industriais do ocidente. Por aqui, o vice-presidente, Geraldo Alckmin, político extremamente diplomático, está pessoalmente empenhado na aprovação do arcabouço fiscal. Os mais otimistas dizem que a missão pode ser cumprida ainda nesse mês. Será?

Independente da opinião de cada um sobre a política, é fato que a economia é o sangue nas veias de qualquer país, e para gerenciar isso, ajuda muito se o governo do momento tiver boa popularidade. Direita, centro e esquerda não existem nessa perspectiva. Aí, o que realmente mexe na economia e também com os humores da população? Simples: os preços da gasolina, diesel e gás.

Como o “jeito Lula de governar” é acelerar sempre, a Petrobras anunciou o fim da política de preço de paridade internacional (PPI), além do cortar R$ 0,40 no valor do litro de gasolina e R$ 0,44 no de diesel. Será que vai dar certo? Nesses casos, a questão fundamental na política é: todo governo que precisa "acelerar”, precisa também de combustível, e isso significa popularidade. Ela é como se fosse o fermento que faz a massa crescer, mas não é só isso. A massa tem que crescer, mas quem quer comer um pão ruim? Se o trabalho do padeiro não ficar bom, tempo e esforço foram perdidos. Então, como todo mundo está no mesmo barco, resta esfregar as mãos e torcer.

No que tange à Espanha, o caso que envolveu o jogador do Real Madrid, Vinicius Júnior, o "Vini Jr.", tem como tipificação penal espanhola os crimes de crime de ódio e discriminação e foi denunciado formalmente pelo clube à Procuradoria Geral da Espanha.
 
Os torcedores do Valencia, equipe rival, podem ser punidos penalmente pelo fato de chamar o jogador de "mono" - macaco em espanhol. Essa não é a primeira que Vini Jr. sofre esse tipo de situação. As autoridades espanholas possuem 10 crimes dessa mesma natureza, com o jogador vítima em todas, um verdadeiro absurdo que deve ser evitado na sociedade moderna.
 
A título de curiosidade, o primeiro episódio no jogo Barcelona x Real Madrid (em 24.10.2021), Vini Jr. foi xingado de macaco, porém os autores não foram identificados e o caso arquivado. No segundo episódio, no jogo entre Mallorca x Real Madrid (em 14.03.2022) torcedores rivais fizeram sons imitando macacos, mas o caso também foi arquivado com fundamentação de que não atingiu a dimensão pública penal. No quarto episódio, no jogo Valladolid x Real Madrid (em 30.12.2022), a La Liga - responsável pelo Campeonato Espanhol de Futebol - apresentou denúncia na Comissão Antiviolência, Comissão da Competição e no Tribunal Judicial de Valladolid, e os infratores foram punidos penalmente. E nos outros 6 casos antigos, todos foram a Tribunal e alguns estão em processo ou já finalizaram, com punições dos infratores.
 
Os crimes de ódio e discriminação na Espanha estão consumados se a ofensa criminal de qualquer natureza, no caso contra pessoas, se executa em detrimento da sua cor de pele, no caso de Vini Jr. por ter a pele negra.
 
Esse crime previsto é punido no Artigo 510 do Código Penal da Espanha, notadamente crime cometido contra direitos fundamentais garantidos pela Constituição. Assim, os torcedores do Valencia poderão ser condenados em até 4 anos de prisão, multa, e um possível banimento de comparecer aos jogos e expulsão do quadro associativo do clube.
 
Com relação ao Brasil, importante analisar, antes de adentrar aos crimes que podem incidir no território brasileiro, a possibilidade emanada pelo Ministro da Justiça, Flávio Dino, de socorrer a medida jurídica excepcional caso as autoridades espanholas se omitirem aos crimes que vitimizam de forma preconceituosa e racista o jogador Vinicius Jr., que defendeu a seleção brasileira na última Copa do Mundo.
 
O Ministro da Justiça, através do Itamaraty, quer a aplicação do princípio da extraterritorialidade, ou seja, que nos casos de crimes contra cidadãos brasileiros no exterior poderão ser aplicadas a lei penal brasileira, impulsionando assim o governo espanhol a tomar as medidas judiciais (cíveis e criminais), e administrativas perante a Fifa e à Federação Espanhola de Futebol.
 
O princípio da extraterritorialidade pode inclusive – em um outro caso, a depender - ser utilizado a título de pedido de extradição, pedido de prisão, por exemplo, condenatória em caso de indivíduo com reincidência, e inclusão na Interpol, isso se aplicado o princípio da extraterritorialidade na forma que transpareceu o Ministro da Justiça do Brasil.
 
No Brasil, o crime de racismo no Brasil, por meio de ofensa discriminatória por causa de cor de pele, já existe, e recentemente o presidente Lula sancionou a Lei n. 14532/2023, em que o crime de racismo dentro dos estádios de futebol tem pena de 2 a 5 anos de prisão, e dobrada se for cometido por 2 ou mais pessoas, com banimento por 3 anos.
 
Ou seja, uma questão técnica que tem que ser observada é a diferença da injúria racial para o racismo. Na primeira basta uma ofensa como, por exemplo, o ato de chamar uma pessoa de macaco como foi vítima o jogador Vini Jr., pois a intenção é ofender alguém. No racismo tem que ser em detrimento do coletivo, contra um grupo por causa da raça também (japonês, africano) e por corta da pele (negra, amarela) serem impedidos, por exemplo, de frequentar um local, ou serem excluídos de práticas e direitos comuns.
 
Vale frisar que todos são iguais perante a lei e devem ser preservados os direitos fundamentais, humanos e constitucionais. Ou seja, com a entrada em vigência da nova lei sancionada pelo presidente Lula, o crime de injúria racial praticado dentro de um estádio de futebol é equiparado ao preceito secundário da pena (com aumento) do crime de racismo.
 
Entretanto, o preceito primário, apresenta diferenças, como é o caso da tipificação de cada crime. A injúria racial está prevista no Código Penal brasileiro e o racismo na Lei 7716/1989. O crime de injúria racial está previsto e punido no Artigo 140, parágrafo terceiro, com pena de reclusão de 1 a 3 anos e multa. O racismo, nos termos do Artigo 3 da referida Lei própria, possui pena de reclusão de 2 a 5 anos.
 
Referida lei, sancionada pelo presidente Lula, que entrou em vigência em 11 de Janeiro de 2023, altera a Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Lei do Crime Racial), e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar como crime de racismo a injúria racial, prever pena de suspensão de direito em caso de racismo praticado no contexto de atividade esportiva ou artística e prever pena para o racismo religioso e recreativo e para o praticado por funcionário público.
 
A conclusão que se chega, é a necessidade de punição de infratores que praticam estes tipos de delitos dentro do estádio de futebol. E, sobretudo que as mudanças da legislação tornem as sanções penais mais duras (respeitando sempre o princípio da proporcionalidade), a fim de coibir a prática de delitos que envolvem cor de pele (raça e outras) em um esporte como o futebol, dentro e fora dos gramados. Importante ampliar o investimento em câmeras de segurança de reconhecimento facial de última geração para auxiliar na identificação de infratores (que muitas vezes se torna difícil); e sobretudo conscientização da população moderna em todos os setores, neste caso o do futebol, com políticas de conscientização dos clubes, torcidas e federações sobre estes crimes intoleráveis. As penas devem ser mais eficazes e a luta contra o racismo não pode parar.
 
 
 
 
 
 
 
 
Eduardo Maurício é advogado no Brasil, Portugal e Hungria, presidente da Comissão Estadual de Direito Penal Internacional da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim), membro da Associação Internacional de Direito Penal de Portugal (AIDP – Portugal )  e da Associação Internacional de Direito Penal AIDP – Paris, pós-graduado pela PUC-RS em Direito Penal e Criminologia, pós-graduado em Direito Penal  Econômico Europeu, em Direito das Contraordenações e Especialização em Direito Penal e Compliance, todos pela Universidade de Coimbra/Portugal, pós-graduado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) Academy Brasil –  em formação para intermediários de futebol, pós-graduando pela EBRADI em Direito Penal e Processo Penal, pós-graduado pela Católica – Faculdade de Direito – Escola de Lisboa em Ciências Jurídicas e mestrando em Direito – Ciências |Jurídico Criminais, pela Universidade de Coimbra/Portugal

A dificuldade de conciliar vida profissional e familiar é um desafio diário para as mães. Apesar de alguns avanços, a falta de políticas públicas que garantam creches e escolas em tempo integral torna difícil conciliar os dois aspectos da vida. Além disso, a cultura organizacional muitas vezes não é amigável às mães, o que pode levar ao preconceito e discriminação na sociedade e no ambiente de trabalho.

Nesse contexto, ao longo dos anos, surgiram políticas públicas voltadas para a garantia dos direitos das mães que trabalham fora, como a licença-maternidade, a creche e a jornada de trabalho flexível, porém, ainda há muito a ser feito para garantir que a maternidade seja vivenciada de forma adequada socialmente falando.

Porém a maternidade na contemporaneidade é um tema marcado por diversas transformações que envolvem aspectos sociais, culturais e políticos. Uma das mais significativas é o número progressivo das mulheres na educação superior, porta de acesso às profissões liberais e a crescente participação feminina no mercado de trabalho. Segundo dados do IBGE, em 2022, 52,7% das mulheres brasileiras estavam trabalhando.

Quando pensamos em história, percebemos que as mudanças foram revolucionárias não só nas expectativas do mundo sobre o lugar feminino na sociedade, mas nas expectativas das próprias mulheres sobre elas mesmas. Os movimentos sociais levantaram questões em nossa sociedade capitalista e patriarcal acerca das oportunidades de trabalho, das questões de gênero e da sexualidade feminina como um todo.

As mulheres como grupo, tornaram-se uma força política e a imagem da mulher, atuando apenas na intimidade como única responsável pelos cuidados com a família, ganha hoje outros contornos que fazem dela um ser que busca no seu desenvolvimento o poder da realização de seus dons, talentos e potencialidades.

Essa mudança tem impacto direto na rotina das mulheres que são mães e que precisam conciliar o trabalho com os cuidados dos filhos. Antigamente, a maternidade era uma obrigação e um requisito da feminilidade, mas com a evolução do pensamento das pessoas, hoje a maternidade acontece não mais por obrigação, mas por uma decisão baseada no livre desejo e afeto, pois a mulher agora ousa inventar o próprio destino de acordo com suas necessidades internas.

Quando eu decidi escrever sobre esse tema, uma cena me inspirou. Eram quase oito horas da manhã e eu notei uma mãe deixando seu filho pequeno de aproximadamente  3 anos de idade na porta da escolinha, com uma bolsa e uma mochila da criança - que ela entregou para o segurança com semblante de quase tristeza ao deixar ali junto com aqueles pertences, seu bem mais precioso, provavelmente até o fim do dia já que ela vestia uma roupa formal de trabalho.

A leitura que eu fiz naquele momento, foi da maternidade na contemporaneidade: que dentre outras questões inerentes ao tema, fala sobretudo da mulher dividida entre a maternidade e a profissão; entre viver o afeto e se destacar no mercado de trabalho; entre a realização pessoal e a realização profissional.

Em 2012 quando engravidei da minha filha eu trabalhava como advogada em um grande escritório em São Paulo. Na época, a notícia da gravidez me pegou de surpresa pois eu não tinha planejado engravidar naquele momento, e por ter pouco mais de um ano no escritório, fiquei preocupada com a reação dos meus gestores e de como seria minha rotina dali em diante.

Por outro lado, meu resultado tinha sido positivo naquele primeiro ano e eu imaginei que por bater todas as metas teria um reconhecimento e uma relação de parceria com meus empregadores. Marquei uma reunião com o diretor e depois de contar da gravidez, falei que eu pretendia continuar trabalhando normalmente até o nascimento do bebê e a resposta dele antes mesmo de eu concluir o que estava dizendo foi: é por isso que eu prefiro contratar homens. Voltei perplexa para minha mesa e depois fui para casa sem acreditar no que eu tinha ouvido aquele dia.

Meses após, eu tive uma questão na gestação que me obrigou a ficar em repouso absoluto e eu me afastei do trabalho. Depois que minha filha nasceu, me ligaram para organizar meu retorno, mas eu decidi não voltar – primeiro, por minha filha ainda ser muito pequena e segundo, pela postura do diretor que refletia a mentalidade do ambiente profissional que eu estava, e que me fez perceber que não tinha mais nada a ver comigo, especialmente depois que me tornei mãe e percebi a importância do desenvolvimento de alguns valores e virtudes no trato com as pessoas, afinal, a partir dali eu seria um exemplo na formação de um novo ser e permanecer em um contexto condizente com minha forma de pensar e viver, tornou-se fundamental.

Hoje o que me ocorre é: se eu diante dos meus privilégios por ser branca, classe média e com curso superior sofri discriminação no ambiente de trabalho quando engravidei, fico imaginando a situação de mulheres que não tem esses privilégios e nem a opção de escolher sair ou continuar de ambientes tóxicos e retrógrados de trabalho por dependerem de seus empregos.

A maternidade é intimamente ligada às questões de gênero, e por isso, é tão importante a conscientização e uma mudança de postura por parte da sociedade e do poder público, com a criação de políticas públicas para garantir os direitos das mulheres afim de minimizar os impactos que ainda sofremos com a disparidade em todos os níveis entre homens e mulheres. Sempre digo e reitero aqui que sou otimista e que enxergo uma evolução diante dessa questão, mas ainda há muito a evoluirmos nesse sentido.

A maternidade contemporânea anda de mãos dadas com a sobrecarga de tarefas e responsabilidades. Muitas mulheres se veem sobrecarregadas com as demandas do trabalho e da casa, além dos cuidados com os filhos. Isso pode levar a problemas de saúde, como estresse físico e mental e ansiedade.

Por isso, a colaboração de todos os integrantes da família é fundamental para harmonia, saúde e felicidade de todos. Enfim, toda essa temática é muito rica e a minha ideia é promover uma reflexão crítica sobre as normas e valores culturais que influenciam a experiência materna e fazer apontamentos que contribuam com a expansão de consciência das pessoas, o empoderamento, a empatia, o respeito pelas escolhas das mulheres e o desenvolvimento de todos nós sobre temas tradicionais diante da contemporaneidade.

 

 

Caroline Oehlerick Serbaro é advogada especialista em Direito de Família e Sucessões com ênfase interdisciplinar em Psicanálise e Solução de Conflitos. É também Head direito de família do escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados.

Essa é a pergunta fundamental. De acordo com a resposta, já se sabe o que a pessoa conhece sobre o assunto, mas no meio do “tiro, porrada e bomba” em que a política nacional vira em qualquer discussão, o que realmente interessa nisso é: se há lei na vida real, por que no mundo virtual seria diferente?Basicamente, uns defendem porque acham que isso vai prejudicar a oposição e outros lutam contra por verem no projeto uma forma de atacar o governo atual. Enfim, todo mundo “mais perdido que cego em tiroteio”, o que é compreensível porque o assunto é complexo. Por exemplo, o Sr. Mark Zuckerberg, dono Facebook, Instagram e WhatsApp, ganha dinheiro sem gravar um vídeo, escrever um texto ou mesmo tirar uma foto. Ok, existe toda a questão de tecnologia disponibilizada ao público, mas quem dá vida para as redes sociais é... a população.

O problema é que a internet é como um espelho e reflete como você está no momento. Cada curtida e comentário é como se fosse o preenchimento de um questionário informando as suas preferências. Sabendo disso, as “big techs” enviam mais e mais conteúdo do seu interesse para que você continue na internet, o que forma as tais “bolhas”, onde parece que todos pensam exatamente como você. Independente se a ideia compartilhada pelos seus contatos tem algum nexo ou não. Nesse caso, vamos refletir: se as redes sociais e sites de busca, como o Google, manipulam o que você tem acesso para mostrar anúncios e temas do seu interesse, por que eles não fariam a mesma coisa com a política? E esse é só um dos pontos da discussão.

Para provar que a coisa precisa melhorar no mundo virtual, não é sintomático que o “PL das Fake News” tenha sido o alvo de tanta fake news da última semana? 

Justiça com as próprias mãos?

Existem vários apelidos para ele, mas trata-se simplesmente do projeto de lei, por isso o tal “PL”, de número 2630. O texto, que foi colocado para votação na Câmara, previa que as “big techs” poderão ser responsabilizadas pela circulação de conteúdos que se enquadrem como crime na lei brasileira. É compreensível que elas não tenham gostado. Pela absurda quantidade de informação postada diariamente pelos usuários, monitorar tudo é realmente uma tarefa complicada e certamente cara. Mas esse não é o único problema para elas: o que gera mais bate-boca nas redes sociais que notícia sobre política, esporte, violência e celebridades? Aliás, o que gera mais conversa do que notícia? Mas como ficam aqueles que fazem a notícia nisso tudo? Se o PL 2630 for aprovado como está, as “big techs” passarão a ter que remunerar empresas de comunicação pelo material jornalístico compartilhado em suas plataformas. O Facebook, por exemplo, já paga por isso na França, por que não aqui?

Obviamente o texto pode ser melhorado, mas o que não precisa ser aperfeiçoado? As ameaças de atentado em escolas de todo o país são prova de que, como está, “algo errado não está certo”. Igualzinho naquele antigo meme, ainda dos tempos do Orkut. Enfim, a votação do último dia 2 foi adiada e seguem as articulações, com possível mudança no texto. Trabalho para nossos nobres parlamentares.

No mais, tudo o que é muito teórico tende a ficar só no blá-blá-blá, mas a coisa é simples. Nesse mundo, tudo começa ou termina em dinheiro, como bem sabe a galera do Facebook e Google. Quem é contra segue no seu direito de torcer para que o “PL da Censura” não seja aprovado, mas para os que são a favor, e geralmente chamam o projeto de “PL das Fake News”, pode-se curtir, compartilhar e torcer pela aprovação, só que isso depende de muita coisa e leva tempo. Como tudo sempre pode ser mais objetivo, pode-se simplesmente evitar passar para frente informações de fontes duvidosas e, no caso do jornalismo, é possível apoiá-lo de várias formas. Uma delas é fortalece-lo fazendo a assinatura de um jornal ou portal da sua cidade, o que não custa muito mais do que o preço de algumas cervejas.

É necessária a discussão das leis por quem é pago para isso, mas nem tudo precisa vir de Brasília, não é? A democracia é feita “aqui embaixo” também.

Esta semana, nos dias 13 e 14 de abril, em eventos no município de São Sebastião, o Ciesp e a Fiesp, em parceria com instituições financeiras e universidades, realizaram mutirões de crédito e mentorias gratuitas para micro, pequenas e médias empresas cujos trabalhos e instalações foram prejudicados pelos temporais no Litoral Norte paulista durante o Carnaval. Empréstimos com juro zero ou mais baixo do que o de mercado e consultoria com professores e especialistas em gestão visam contribuir para que os negócios retomem suas atividades normais.

A rápida mobilização das duas entidades, numa ação de responsabilidade cívica transcendente à representatividade institucional, terá imediato e significativo impacto positivo. Nas áreas atingidas pelas chuvas recordes, há cerca de 12 mil empresas, distribuídas nos setores de comércio, serviços, indústria e turismo. Em torno de 50% são hotéis, pousadas e alimentação fora do lar. Imaginem as perdas para a região causadas pelos danos físicos e prejuízos financeiros sofridos por esse conjunto numeroso de empreendimentos.

De maneira simultânea a essa ação emergencial destinada à recuperação das empresas, retomada da economia regional, preservação de empregos e manutenção dos negócios, cabe uma séria reflexão: poucos dias após as tempestades no Litoral Norte de São Paulo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU divulgou seu novo relatório. O documento alerta que o aquecimento da Terra tem aumentado a frequência e a intensidade de fenômenos climáticos extremos em todo o mundo, cujos impactos são cada vez mais perigosos.

Por isso, é urgente ação global efetiva no sentido de reduzir ao nível mínimo possível a emissão de gases de efeito estufa. O organismo das Nações Unidas frisa que a temperatura média mundial já subiu 1,1 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, em consequência direta da queima de combustíveis fósseis em mais de um século. O Acordo de Paris, firmado em 2015, na COP 21 - Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, fixou em 1,5 grau o limite máximo. Ou seja, já estamos quase no patamar máximo de risco e os países praticamente em nada cumpriram os compromissos assumidos no histórico encontro realizado na capital francesa.

O Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023 indica que a meta de 1,5 grau somente poderá ser cumprida se a emissão de gases de efeito estufa for reduzida pela metade até 2030. Para isso, o documento recomenda as seguintes medidas urgentes: transportes e eletrificação com zero ou baixa geração de carbono; expansão do uso de energia limpa; e mudanças no setor de alimentos, produção industrial e uso do solo.

Sem dúvida, é decisivo o papel dos governos para que essas medidas sejam implementadas. Entretanto, também é grande a responsabilidade da sociedade e dos setores produtivos. Neste último aspecto, merece muita atenção a Pesquisa Rumos ESG na Indústria Paulista, realizada pelo Ciesp e a Fiesp. O estudo mostra que nosso setor é diretamente impactado pelos preceitos da governança ambiental, social e corporativa e peça-chave na transição para um modelo econômico mais sustentável.

Por ser grande consumidora de recursos naturais que, após processados e consumidos, podem retornar ao meio ambiente sob a forma de resíduos, a manufatura, ao incorporar critérios ESG em suas operações, contribui para o desenvolvimento sustentável, proporciona ganhos ecológicos e econômicos e gera valor para o País e a população. Por isso, por meio de workshops, programas de orientação, estímulo à substituição energética e outras iniciativas, temos buscado colocar a indústria paulista na vanguarda da agenda do clima.

Vencer a luta contra o aquecimento terrestre é fator condicionante para o êxito da economia, qualidade da vida, redução da miséria e preservação ambiental. Mais do que adotar ações emergenciais como a que estamos realizando para socorrer empresas afetadas pela grave intempérie climática no Litoral Norte paulista, são necessárias medidas concretas capazes de evitar que fenômenos extremados como esse tornem-se recorrentes em nosso país e no mundo.

 

*Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é o presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp.

Historicamente, o mercado de trabalho tem características, por vezes, segregadoras. Reflete preconceitos e exclusões que precisam ser superadas. Foi (e ainda é) assim com mulheres, com negros, com pessoas LGBTQIA+. Um outro grupo que ainda tem dificuldade de inserção profissional é o das pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), muito pelas ainda existentes faltas de conhecimento e de preparo. Uma realidade que precisa estar no radar de empresas e poder público. 

O mês de abril é marcado pelo debate sobre o autismo – temos o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, a 2 de abril. Ainda há muito a se esclarecer sobre o TEA para a população no geral. O mais importante: autismo não é doença, mas uma condição, ou melhor, diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico, todas relacionadas com dificuldade no relacionamento social. O que não significa que uma pessoa com TEA não possa conviver, trabalhar, relacionar-se e desenvolver uma vida plena. 

No mercado de trabalho, o panorama é preocupante. Estima-se que existam 2 milhões de pessoas com TEA no Brasil, e 85% dos adultos com autismo estão desempregados. A dificuldade de inserção esbarra na própria dificuldade de entendimento sobre essa condição. Caberia, portanto, aos departamentos de Capital Humano promover ações de conscientização e treinamento às equipes para que o ambiente de trabalho esteja pronto para receber profissionais autistas. 

Vale lembrar que pessoas com TEA, normalmente (mas não obrigatoriamente, é bom ressaltar), têm mais facilidade de se adaptar a certos tipos de trabalho, como as atividades rotineiras e processos padronizados. Também é comum que tenham alta capacidade de memorizar dados e de cumprir normas, além de pensar de forma diferentes e poder dar respostas que fujam do pensamento convencional. Quando estimuladas e desenvolvidas da maneira correta, essas habilidades podem trazer benefícios tanto para a pessoa autista, quanto para a empresa. 

O Transtorno do Espectro Autista ainda é objeto de estudo pela ciência e há muito a se entender sobre seus meandros. A realidade, no entanto, é que há um grande número de pessoas incluídas nessa condição que precisam estar inseridas nos diversos espaços da sociedade, como o mercado de trabalho. Essa é uma demanda urgente e importante, que deve ser atendida por empresas e poder público no sentido de ser mais um passo na construção de uma sociedade mais inclusiva e democrática. 

 

 

Janguiê Diniz

Fundador e presidente do Conselho de Administração do grupo Ser Educacional - Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo 

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