Bate-Pronto - 06-03-20

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O 'valor' da etiqueta

 

Recebi um vídeo esta semana de minha irmã cuja essência achei que valeria a pena compartilhar com você que me dá a honra desta leitura. Ele mostra um violinista tocando numa estação do metrô de Washington. Ele toca durante quase 43 minutos músicas belíssimas, de difícil execução.

Estava vestido de forma casual, de camiseta e calça jeans e milhares de pessoas passaram por ele. Apenas 6 pararam para ouvi-lo. Em seu “case” colocado perto dele, foram deixados apenas 32 dólares.

Ele era Joshua Bell, considerado um dos mais famosos e valorizados violinistas do mundo. O violino com o qual tocava era um Stradivarius feito em 1713, avaliado em quase 4 milhões de dólares. O mesmo Joshua Bell havia tocado dias antes no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custavam mil dólares cada um.

Passado algum tempo, ele voltou a tocar na mesma estação do metrô, aí já com ampla divulgação de mídia. Milhares de pessoas pararam para ouvi-lo. Muitas foram lá apenas para ouvir Joshua tocar.

Tudo isso foi gravado em vídeo pelo jornal “Washington Post” e transformado depois em um estudo sociológico. E é apenas um – dentro tantos -  exemplo de coisas que não damos valor em nossas vidas porque elas não têm “etiquetas de preço”.

Não seria, como diz um trecho do estudo, a sociedade de consumo quem nos dita o que devemos sentir, vestir, ser? Não seriam nossos sentimentos, nossa apreciação de beleza, de talento, de valor, manipulados pelo sistema, pela mídia, pelas corporações que detêm o poderio econômico?

Será que quase sempre valorizamos somente aquilo que está com “etiqueta de preço”?

Não tenho a menor dúvida que é assim mesmo que a maioria de nós vive, comandada em seus gostos e predileções pela propaganda maciça, muitas vezes habilmente maquiada pelo marketing que hoje engloba quase tudo.

Numa época de tanto egoísmo, de aumento de suicídios, principalmente de jovens, da depressão que já é a doença do século e que faz a fortuna das indústrias farmacêuticas, creio que vale a pergunta: será que não seríamos mais felizes se valorizássemos o que não tem preço? Aquilo que não se compra? Amizade, amor, afeição, por exemplo, têm preço?

Não sou utópico. A sociedade de consumo nos trouxe e traz muitas coisas boas para serem desfrutadas. Mas não para serem valorizadas. Um carro 0KM, uma roupa bonita, uma casa nova, quem as conquista, deve desfrutá-las. Mas não valorizá-las como um fim em si como hoje muito se vê.

Alguém já disse que o que tem valor não tem preço. E nos tempos atuais, poucos conseguem compreender isso. E dá-lhe clonipramina, fluoxetina e outras “inas” mais para tanta tristeza e depressão que se vê nos rostos de tantos.

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