Comerciantes fecham as portas por falta de segurança

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Gazeta conversou com comerciante, de 36 anos, que fechou restaurante depois de ser furtada duas vezes no mesmo dia


Uma comerciante, de 36 anos, decidiu fechar o restaurante que mantinha na região central de Limeira há 4 anos, depois de não se sentir segura para continuar trabalhando. Ela conversou com a reportagem da Gazeta de Limeira na tarde de anteontem, enquanto desmontava o estabelecimento, que era localizado na Rua Barão de Campinas, próximo à Praça Doutor Luciano Esteves, marco zero da cidade.
Visivelmente decepcionada com a atitude que teve de tomar, a mulher alegava não conseguir mais investir na loja, invadida e vandalizada por marginais algumas vezes no último ano. “Isso sem contar quantas vezes eles entram aqui e exigem que a gente entregue dinheiro. Um dia, um deles ameaçou atear fogo em mim, se eu não entregasse o que ele queria”, relatou a mulher. As invasões ocorriam através de imóveis vizinhos que estão desocupados. “Em dezembro, o comércio, que ficava ao lado do meu, fechou", confirmou a comerciante.
Eles chegaram a invadir o prédio ao lado e quebrar o telhado do restaurante para entrarem. Nem grades colocadas em toda a extensão do comércio foi o suficiente. “Eles arrombaram a grade e entraram por trás, por um imóvel que também está fechado”, relatou. Em um dos dias que chegou para trabalhar, a mulher surpreendeu um ladrão dentro do restaurante. “Saí correndo para o meio da rua, às 5h30, pedindo para chamarem a polícia, pois tinha um homem dentro do meu restaurante”, relatou.


O comércio ao lado também sofre com a ação dos criminosos. Segundo a comerciante, uma loja próxima começou a trabalhar com a venda de roupas, mas também teve de lidar com as invasões. “Na primeira semana em que 'as meninas' aqui do lado colocaram roupas para vender, eles invadiram e limparam a loja. Levaram tudo o que elas tinham”. A frequência com que as invasões ocorrem também assusta. “Aqui, foram três vezes, na loja ao lado mais quatro. Na esquina, invadiram sete vezes. Mais para frente tem uma outra loja, invadida outras cinco vezes”, frisou.
A ação dos bandidos pareceu coordenada para neutralizar o sistema de segurança do estabelecimento. De acordo com a mulher, primeiro eles danificaram o aparelho de internet. Depois, destruíram todo o cabeamento e as câmeras de segurança. “Não consigo mais investir em cerca, alarme, câmeras, concertina, grade. Quando eles querem entrar, eles entram”, lamentou.   
A decisão de encerrar as atividades veio depois do último final de semana. “Eu estava saindo para comer uma pizza, quando o alarme tocou e eu vim ver o que havia acontecido. Encontrei tudo revirado. Chamei a Polícia Militar, que me atendeu. Na manhã seguinte, vim para arrumar a bagunça e vi que eles tinham entrado de novo durante a madrugada. Não tenho mais condição de ficar com as portas abertas. Tenho medo do que eles podem fazer com a minha vida”, afirmou.
Fotos tiradas logo após as invasões mostram o rastro de destruição deixado pelos ladrões. Armários quebrados, gavetas espalhadas, comidas e pertences do restaurante espalhadas pelo chão. A grade colocada para tentar coibir a ação também ficou jogada. “Já seria triste se eu tivesse que encerrar as atividades por conta própria. Mas o que machuca, é saber que vou ter de acabar com o sonho da minha mãe por coisas alheias à minha vontade. Não vejo saída. É triste ver o centro acabar desta forma”, lamentou.


ROUPAS
Ainda nesta semana, uma loja de roupas, localizada na rua Alferes Franco, também foi invadida e vandalizada. Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram o estabelecimento todo revirado. Neste caso, os bandidos entraram por uma casa fechada, na lateral da loja, e arrancaram uma grade da janela para invadir o local. As imagens mostram os armários praticamente vazios e o que não foi levado, foi danificado. Até os manequins foram quebrados e jogados no meio da loja. Os bandidos danificaram a área de venda, o estoque e o que parece ser o escritório do estabelecimento. Ontem, a reportagem tentou contato via WhatsApp e telefone com a loja, mas sem sucesso. Na manhã de ontem, funcionários de uma loja de sapatos na praça Toledo Barros encontraram a porta do imóvel arrombada.
Diante da situação, a Associação Comercial e Industrial de Limeira (Acil) marcou uma reunião com as autoridades locais para tratar sobre as medidas de segurança que estão sendo adotadas relativas à segurança na região central  da cidade. O encontro está marcado para a próxima terça-feira, dia 2, às 9h, na sede da associação, que fica na rua Santa Cruz, 647. A presença pode ser confirmada pelo WhatsApp 3404-4900.
VISTA ALEGRE
E quem pensa que ações do tipo acontecem apenas no centro, se engana. Comerciantes e moradores do Jardim Vista Alegre também sofrem com a ação de vândalos há algumas semanas. Há relatos de moradores que tiveram suas casas invadidas diversas vezes. Normalmente, a tática é a mesma. Usa-se um imóvel abandonado para conseguir acesso ao vizinho. Na semana passada, representantes das forças de segurança se reuniram com a população e prometeram intensificar as rondas e abordagens a suspeitos no bairro. 



SSP/SP aponta que furtos caíram em fevereiro
Ao mesmo tempo em que a comerciante desmontava seu restaurante por não aguentar mais conviver com os constantes furtos e invasões, o site da Secretaria  de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP) divulgou os números de fevereiro da criminalidade. De acordo com o portal da pasta, os números de furtos de outros - exceto veículos - caíram 10%, em comparação a janeiro. Os dados apontam que foram 356 casos no primeiro mês do ano ante 229 no mês passado. Os roubos em geral também apresentaram queda de 10%: de 61 para 51 registros.
Os registros de subtração de veículos apresentaram quedas ainda mais expressivas. Foram 38 registros em fevereiro ante 58 em janeiro (-34%) e, os roubos, apresentaram queda de 61%; 13 em janeiro e 5 em fevereiro. O que pode explicar estes números tão discrepantes da sensação que se tem, é a falta de registro de boletim de ocorrência. O assunto foi debatido na semana passada, durante reunião do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) Central. O registro é necessário para que as forças de segurança possam montar a estratégia de segurança para determinado local da cidade. (Carlos Gomide)

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