Lockdown só afeta pequeno comerciante em Limeira

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Texto do decreto de Botion abriu caminho para grandes redes questionarem na Justiça, enquanto pequenos seguem fechados

Proprietária de uma pequena quitanda de um bairro da periferia de Limeira não pôde, ontem, abrir as portar para vender suas frutas e legumes, todos frescos e comprados do pequeno produtor. Isso porque, em Limeira, ocorreu ontem o primeiro dia do lockdown. Próximo a ela, porém, um grande supermercado abriu.
O texto do decreto do prefeito Mario Botion, interferindo em serviços essenciais, e a maneira como a medida foi implantada em Limeira abriram caminhos para que grandes redes questionassem a ação na Justiça. O resultado é que o fechamento ra só afetou o pequeno negócio. "É muito injusto. Não posso vender meus produtos, enquanto grandes supermercados conseguiram esse direito. Somos pequenos, sentimos que não há ninguém por nós. Estamos tendo prejuízos, mas pagamos impostos igualmente e trabalhamos honestamente".

FALTOU
INVESTIMENTO

Proprietário de uma padaria também lamentou. "Grandes supermercados tiveram o apoio da associação que os representa. E nós, quem nos representa? Infelizmente há muita desunião". Segundo ele, o anúncio do lockdown não fez sentido. "Não vemos valor nos orgãos que nos representam e, por isso, muitos não respeitam. Deveriam ter investido em saúde e se prepararem mais, ao invés de nos impedir de trabalhar", cita ele.
Para o feirante, que já vive uma situação dramática, o problema agravou. "O movimento já reduziu. Voltei para a feira na semana passada e no sábado já estamos impedidos de trabalhar. E muito prejudicial a todo o setor. Na feira, são tomados todos os cuidados", complementa a vice-presidente a Associação dos Feirantes de Limeira (Asfel), Vanusa de Oliveira.
Comerciantes do Jardim Roseira e Ouro Verde informaram que algumas padarias da região atenderam anteontem em horário ampliado para tentar suprir os prejuízos do lockdown no final de semana.
Proprietario de uma loja de material de construção, Osmar Chaves poderia funcionar na fase vermelha, mas não no lockdown. "A cada dia vai ficando mais difícil, o meu ramo tem boas vendas, mas somos uma cadeia. Se as pessoas não têm recursos, elas não poderão comprar e isso acaba afetando a todos".

FALTA PLANEJAMENTO

Empresário do ramo comercial e economista, Rogerio Delmondi conta que faltou planejamento. "Vemos aglomerações no transporte público e pessoas mais vulneráveis expostas todos os dias na semana. Falta apoio, ônibus reduzidos e isso precisa ser verificado. E momento de ter mais cuidado. Percebemos que grandes corporações estão mais protegidas, trabalhando normalmente, enquanto o pequeno comércio não tem esse acesso. Uma grande injustiça. Vemos, no caso dos supermercados, a força do corpo jurídico que eles têm acesso. Os pequenos estão tomando todos os cuidados", conclui.
A Gazeta questionou a Prefeitura de Limeira sobre investimentos na Saúde, mas não houve retorno.

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Não é lockdown, cita juiz

Ao autorizar o pedido dos supermercados para abertura, a Justiça de Limeira entendeu que oferecem serviços essenciais. Além disso, avaliou que fechar esses estabelecimentos também pode causar efeito oposto, criando ainda mais aglomeração nos dias anteriores.
O magistrado Rudi Hiroshi Shinen chamou o decreto de "quarentena rígida" e não lockdown. "Embora não se trate propriamente do denominado lockdown, que determina o bloqueio total de determinado perímetro e ordena o confinamento de pessoas, o decreto estabelece uma espécie de quarentena mais rígida, que impõe maiores limitações".

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