O Centro de Manejo de Fauna Silvestre, do Departamento de Fauna da Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, se manifestou na ação civil pública que envolve as capivaras do Parque Ecológico do Jardim do Lago, movida pela Associação de Moradores a Amigos do Jardim Aeroporto no ano passado. O documento, assinado pela especialista ambiental do departamento, Monicque Silva Pereira, se posiciona contrário ao pedido de retirada das capivaras daquele local com a justificativa de que são hospedeiras do carrapato-estrela, que transmite febre maculosa.
Em outubro do ano passado, a Justiça de Limeira negou pedido liminar para remanejamento dos animais do Parque Ecológico do Jardim do Lago. O juízo, então, oficiou aos órgãos ambientais para que se manifestassem tecnicamente.
A manifestação já anexa aos autos descreve que cabe à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo a emissão de autorização de captura no caso de manejo de fauna silvestre nativa, como é o caso das capivaras. Esclareceu também sobre a bactéria da febre maculosa, os perigos e diz que, em algumas localidades, a capivara tem, sim, participação no ciclo da doença, pois é uma espécie capaz de amplificar a bactéria causadora da doença se tiver contato com carrapatos infectados.
Por causa dessa possível participação da capivara no ciclo e a eventual necessidade de manejo da espécie, apontou que há uma resolução com diretrizes para a vigilância e controle da febre maculosa e estabelece critérios para eventual manejo das capivaras em situações em que ela estiver associada ao risco de transmissão da febre maculosa. Mas, sobre a situação relatada no Parque Ecológico do Jardim do Lago, o departamento estadual diz que o local deve ser classificado conforme o risco de transmissão, cujos critérios são avaliados pela Superintendência de Controle de Endemias e, em eventual captura do animal para coleta de material biológico, a Prefeitura poderia solicitar a autorização de manejo ao estado, o que já fez em relação a outra área, mas não para remoção da população de capivaras.
Sobre a pretensão de retirá-las do parque para isolamento em outro local, independentemente da classificação da área, o Centro de Manejo de Fauna Silvestre é categórico e "se posiciona contrário a tal ação".
RECOLONIZAÇÃO
Explica, entre outros, que a possibilidade de recolonização da área pode trazer consequências negativas ao ciclo de transmissão da doença, caso a bactéria realmente circule na área, ao proporcionar estímulo à reprodução dos animais pela ampla oferta de alimentos, abrigo e área de vida que ficará disponível no local.
Em outras palavras, o departamento estadual diz que a retirada de um grupo estabelecido "pode acarretar no aparecimento de poucos indivíduos que começarão a se reproduzir vigorosamente pela ausência de competição outro grupo no local, resultando no nascimento de muitos filhotes suscetíveis à infecção pela bactéria, que, por sua vez, poderão ser amplificadas e transmitidas aos carrapatos que já existem no local".
A Prefeitura de Limeira já tinha se manifestado e afirmou que não havia qualquer constatação ou prova cabal de que esses animais, do parque do Lago, estejam de fato contaminados ou que um desses sejam hospedeiros do carrapato contaminado. Disse também que já pediu administrativamente à pasta estadual para a realização de sorologia das capivaras e verificação de possível contaminação, mas ainda não analisada.
Agora, o caso deverá julgado determinando, ou não, providências.
Criança está internada
com sintomas suspeitos
Um menino, de 6 anos, está internado em Limeira com sintomas suspeitos de várias doenças, inclusive febre maculosa. Neste caso, a notificação entra no protocolo de arboviroses, que significa que pode também ser dengue, zika, entre outros.
O ano de 2018 fechou com 66 notificações, sendo 55 descartados e oito casos confirmados de febre maculosa. Quatro morreram. Há outras três notificações suspeitas da doença registradas no ano passado que ainda aguardam resultados de exames. (Renata Reis)