Educação: professor aponta desafios para valorização dos profissionais

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Pandemia mudou o formato do trabalho dos profissionais da educação que agora precisam encontrar o ritmo para a retomada segura 

Hoje é Dia do Profissional da Educação. Quando falamos em educação, imediatamente pensamos apenas na figura do professor. Porém, o intuito da data é valorizar todos os profissionais da escola que são importantes para a formação de futuros cidadãos, já que é nela que o aluno passa grande parte do seu tempo.

Para Márcio Bergamini, professor do Colégio Portal e coordenador do ensino médio na E.E. Profª Margarida Paroli, especialmente neste momento de retomada de aulas presenciais, há uma grande necessidade de valorizar esses profissionais. “Todos que trabalham em uma escola são essenciais para o desenvolvimento humano e social, porque com um trabalho responsável e cientificamente fundamentado, eles inspiram e transformam a realidade das pessoas, conduzindo as gerações ao exercício de uma consciência verdadeiramente humana e fraterna”, explica o professor.

Para comemorar esta data, Bergamini responde algumas questões importantes sobre este tema em uma entrevista exclusiva à Gazeta.

 

Quais mudanças podem haver na relação com os profissionais da educação e os principais desafios na retomada das aulas presenciais?

As mudanças na relação dos profissionais com os alunos engloba as imposições trazidas pela pandemia, como os protocolos de biossegurança, além dos aspectos da saúde mental. Desta forma, os profissionais devem se atentar às necessidades de aprendizagem dos alunos, aos traumas que carregam e buscar entender e trabalhar esses aspectos por meio de conversas e vivências que permitam cuidar das emoções e do conhecimento.

 

Nesta semana estão sendo retomadas as aulas presenciais em grande parte do país. Já são observadas grandes mudanças na relação com os alunos e com outros professores?

No Brasil, o professor é um profissional afetivo: abraça os colegas, os alunos, conversa, é atencioso com todos, especialmente na educação infantil. No entanto, agora, um dos desafios e conscientizar que precisamos manter o distanciamento, observar os protocolos de segurança, ao mesmo tempo em que trabalhamos com o conteúdo das disciplinas. Todos – profissionais e alunos – precisam de atenção quanto aos aspectos emocionais, porque muita gente sofreu traumas diferentes durante o período de isolamento. Voltar a nos encontrar na escola requer a sensibilidade do olhar para entender e cuidar do outro.

 

Quais são os principais desafios a serem enfrentados pelo professor na retomada das aulas presenciais?

Retomar o ritmo e entender que precisamos cuidar de coisas além do conteúdo. Professor é uma criatura apaixonada pelo conteúdo e se não fica falando, falando e falando sobre a matéria, sente que não trabalha. Ele precisa ouvir, deixar os alunos falarem, encaixar seus conteúdos nessas emoções e nesse turbilhão de coisas que a pandemia nos trouxe. Precisa ser um curioso e explorar formas diferentes de fazer isso. Há muita coisa bacana que ajuda a nortear esse trabalho. Encontrar o ritmo certo, com as ferramentas certas, é o maior dos desafios.

 

O que os demais profissionais podem fazer para auxiliar o professor nesse desafio?

O diretor e o coordenador, por exemplo, precisam entender o professor, apoiá-lo, incentivá-lo e criar espaços de formação, diálogo e trocas. Os demais profissionais também têm o desafio de buscar entender os alunos, olhá-los com carinho e cuidar. Todos fomos afetados. Precisamos cuidar uns dos outros, essencialmente.

 

O que pode ser feito pelo Poder Público, pela escola, pelas famílias e alunos diante da necessidade de valorizar esses profissionais nesta retomada?

Primeiro, entender que os profissionais da educação possuem uma formação científica, específica para essa área de atuação. Você não diz a um engenheiro como deve calcular uma obra, não diz a um médico como deve desenvolver um tratamento. O professor sabe o que precisa ser feito, porque estudou para isso. Hoje, muita gente pensa que a educação é terra de todo mundo. Deveria ser de forma responsável e não com um monte de palpites infundados. Todos os seres humanos educam e aprendem uns com os outros. No entanto, o terreno da escola é específico e requer um conhecimento elaborado que envolve aspectos da pedagogia, da psicologia, da neurociência, entre outras áreas. Devemos respeitar as pessoas que se dedicam a essa nobre função de educar.

Também devemos entender que são humanos, estão sujeitos ao erro e que isso faz parte da aprendizagem. Oferecer apoio, formação, mentorias, orientações, criar espaços de diálogo e troca de experiência são ações fundamentais para que os profissionais se sintam cada vez mais apoiados e que possam agir de maneira assertiva, construindo uma prática cada vez mais consciente e intencional.

O poder público deve, de forma urgente, elaborar e implementar, junto com a classe, políticas de valorização que vão muito além da questão do salário: plano de carreira, assistência médica de qualidade, apoio à saúde mental, formação continuada, acesso à tecnologia, investimento na infraestrutura das escolas, adequações na jornada de trabalho, entre outras coisas que farão com que os profissionais da educação sejam olhados com o verdadeiro valor que possuem.

 

Diferente do que a maioria pensa, todos os profissionais da escola são importantes e merecem valorização. Quais são as funções de cada um deles?

A escola é feita de gente. Possui diferentes profissionais, com diferentes funções, todos educadores – direta ou indiretamente. O diretor cuida da parte administrativa, das contas, da organização burocrática; o coordenador cuida da organização pedagógica, apoia os professores e alunos; os professor é responsável direto pela aprendizagem e desenvolvimento dos alunos; os inspetores e monitores ajudam com a organização e educam pelo exemplo, pela convivência e pela responsabilidade com as tarefas; o pessoal da limpeza, o pessoal de apoio técnico, o apoio administrativo, todos esses educam igualmente pelo exemplo, pela convivência. Costumo dizer que todos somos pessoas inspirando pessoas a serem melhores e a se desenvolverem como seres humanos. Todos mantemos a escola viva e funcionando, cada um cuidando de suas atribuições. Por isso precisamos valorizar todos os profissionais que estão na escola e se dedicam à nobre tarefa de educar. 

Os monitores são fundamentais na organização das turmas e no auxílio da rotina. Eles são profissionais tão responsáveis pelo desenvolvimento dos alunos quanto os professores. Eles interagem, orientam, auxiliam os alunos. É um contato adulto que é um verdadeiro exemplo e traz diversidade de referência para as crianças em desenvolvimento.

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